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Radiação da central de Fukushima torna água de Tóquio imprópria para bebés

A crise nuclear da central de Fukushima, severamente danificada pelo sismo e tsunami de 11 de Março no Japão, chegou a Tóquio – a 250 quilómetros de distância. Uma concentração de iodo radioactivo duas vezes superior ao limite máximo para os bebés (210 becquerels por litro, em vez dos 100 de limite; para os adultos, o limite é de 300 becquerels) foi detectada em amostras de água corrente, revelou um responsável do governo metropolitano de Tóquio.

As autoridades desaconselham, por isso, que seja dada água da torneira aos bebés, directamente ou indirectamente, durante a preparação de biberões. A venda de água engarrafada nos supermercados de Tóquio disparou, depois do anúncio das autoridades. O iodo radioactivo terá chegado à água de Tóquio com as chuvas de terça-feira na região, segundo um especialista citado pela televisão japonesa NHK.

Já nas proximidades da central de Fukushima, análises à água revelaram contentrações de até 965 becquerels por litro – três vezes o limite aceitável para adultos.

Esta quarta-feira, o Governo emitiu uma restrição ao consumo de alimentos como medida de resposta ao desastre nuclear. O primeiro-ministro japonês Naoto Kan desaconselhou o consumo de vegetais – como espinafres, couves, bróculos e couve-flor – produzidos na província de Fukushima, uma vez que os níveis de radioactividade excedem em muito os limites legais.

Kan pediu ao governador da província, Yuhei Sato, para dizer às pessoas que evitem o consumo destes produtos. O alerta baseia-se no facto de o Ministério da Saúde ter encontrado substâncias radioactivas em onze vegetais produzidos naquela província, em níveis que ultrapassam os limites legais.

Kan também pediu a Masaru Hashimoto, governador da província vizinha de Ibaraki, para suspender a venda de leite cru e salsa produzidos na sua região.

O porta-voz do Governo nipónico, Yukio Edano, garantiu que este aviso é apenas uma medida de precaução, negando que os níveis de radioactividade tenham um risco imediato para a saúde, avançou a agência japonesa de notícas Kyodo. Ainda assim, acrescentou, os níveis de radioactividade detectados nestes vegetais tem vindo a aumentar.

A federação nacional das associações cooperativas agrícolas (JA Zen-Noh) – que distribui muitos dos vegetais de Fukushima – não tem exportado nenhum produto desde segunda-feira, garantiu o Ministério da Agricultura.

Vários países já estão a tomar medidas. Os Estados Unidos interditaram a entrada no seu território de leite e produtos derivados, legumes frescos e fruta vindos de quatro províncias japonesas. Na Europa, a França já pediu à Comissão Europeia para impor um “controlo sistemático” às importações de produtos frescos japoneses nas fronteiras da União Europeia. Na Ásia, os consumidores começaram a deixar os produtos alimentares japoneses nas prateleiras.

Elevados níveis de radioactividade no solo estão a ser detectados fora do raio de 30 quilómetros delimitado como perímetro de segurança na semana passada. Na localidade de Iitate, a 40 quilómetros da central, a concentração de césio-137 no solo é 1600 vezes maior do que o normal. Contrariamente ao iodo radioactivo, que tem uma meia-vida de dias, o césio-137 permanece no ambiente por cerca de 30 anos.

O ministro porta-voz do Governo, Yukio Edano, disse porém que não há motivo para ampliar a área de exclusão de 20 quilómetros, de onde foram retirados cerca de 170.000 habitantes. Em relação aos alimentos, Edano também disse hoje que, mesmo que sejam consumidos pontualmente, “não há risco para a saúde”. Edano admitiu, porém, que a situação “poder durar muito tempo”. Reactor 3 novamente evacuado Hoje, ao início da tarde no Japão, o reactor 3 da central nuclear de Fukushima Daiichi voltou a ser evacuado, depois de ter sido detectado fumo negro a sair do edifício.

O reactor 3 é o mais perigoso dos seis reactores da central, por conter plutónio.

“Não sabemos se o fumo vem do edifício da turbina ou do núcleo de contenção do reactor”, disse um porta-voz da Tepco (Tokyo Electric Power Company), empresa que explora a central. “Os funcionários foram retirados da sala de controlo”, acrescentou, sem precisar quantas pessoas estariam no local.

A Agência Meteorológica japonesa voltou a emitir hoje alertas para a região Nordeste do país sobre a possibilidade de fortes réplicas do sismo de 11 de Março, avisando que poderão gerar mais tsunami.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, sigla em inglês), a província de Fukushima foi abalada ontem às 07h18 (hora portuguesa) por um sismo de magnitude 6,6 na escala de Richter – a agência meteorológica japonesa fala numa magnitude de 6,0 -, com epicentro a uma profundidade de 26,5 quilómetros e a 313 quilómetros de Fukushima e a 415 de Tóquio.

A estação de televisão japonesa NHK dá conta de uma réplica, 20 minutos mais tarde, de magnitude 5,8. Estes foram os primeiros sismos desde sábado com magnitudes superiores a 5 na escala sísmica japonesa de 0 a 7.

A agência de meteorologia revela que cerca de 70 réplicas com intensidades de 4 ou superiores abalaram a região Nordeste do país, bem como as zonas em redor de Tóquio. A frequência das réplicas está a diminuir mas a agência avisa que existe uma possibilidade de ocorrerem sismos de magnitude 7,0 ou superior.

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