O governo interino do Quirguistão decretou este sábado a “mobilização parcial” do exército após episódios de violência étnica que deixaram pelo menos 75 mortos e milhares de feridos no sul do país, uma medida pouco comum para enfrentar um conflito local. “As violências, a quantidade de saques e os massacres aumentam. (…) Se não tomarmos as medidas adequadas e eficazes, os distúrbios podem tomar uma maior importância e gerar um conflito regional”, declarou o governo em comunicado.
“Para garantir a segurança dos cidadãos, proteger o regime constitucional (…) e reestabelecer a ordem, o governo ordenou uma mobilização parcial no Quirguistão”, indicou. A violência étnica entre a maioria quirguiz e a minoria uzbeque foi iniciada na quinta-feira em Osh, segunda maior cidade do país. Ante esta situação, o governo decretou na sexta-feira estado de emergência nesta cidade, que precisou ser estendido este sábado a Djalal-Abad, já que, de acordo com Azimbek Beknazarov, um funcionário do governo interino, “a zona de desestabilização se amplia”.
O governo também autorizou neste sábado as forças da ordem a dispararem sem aviso para reestabelecer a ordem, e a presidente interina, Rosa Otunbayeva, pediu à Rússia o envio de forças militares para ajudar o país a enfrentar episódio de violência étnica “fora de controle” no sul. “Escrevi carta pedindo ao presidente (russo) Dimitri Medvedev o envio de forças à República do Quirguistão”, disse Otunbayeva, em mensagem transmitida pela televisão ao país.
Desde a independência do Quirguistão, em 1991, após o fim da União Soviética, as tensões entre minorias étnicas marcaram a vida deste país vizinho do Uzbequistão, somando-se à dificuldades econômicas persistentes.