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Quarta de revoltas sacode no mundo islâmico

Os protestos que sacodem o mundo muçulmano desde as revoltas na Tunísia e Egito chegaram esta quarta-feira à Líbia e aumentaram as tensões no Iêmen, Irão, Bahrein e Iraque. No Iêmen, duas pessoas morreram em confrontos entre manifestantes antigoverno e as forças da ordem. O Iraque também viveu o dia mais violento desde o início dos protestos há duas semanas: três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Na Líbia centenas de pessoas revoltadas com a prisão de um ativista pró-direitos humanos entraram em choque com a polícia e partidários do governo da Líbia, na cidade de Benghazi, no leste do país, segundo relatos de uma testemunha e da mídia local.

A Líbia é rigidamente controlada há mais de 40 anos pelo líder Muammar Gaddafi, mas também está a sentir o contágio das revoltas populares que derrubaram os governos nos países vizinhos Egito e Tunísia. A televisão estatal do país disse, porém, que manifestações foram promovidas na madrugada da quarta-feira em todo território também para apoiar Gaddafi, o líder africano que está há mais tempo no poder.

Relatos vindos de Benghazi, situada a 1.000 quilômetros a leste da capital líbia, indicaram que a situação na cidade agora é de calma, mas que durante a noite manifestantes armados com pedras e coquetéis Molotov atearam fogo a veículos e entraram em choque com a polícia.

No Iêmen duas pessoas morreram em consequência dos disparos da polícia durante os confrontos entre manifestantes antigoverno e as forças da ordem nesta quarta-feira em Aden, principal cidade do sul do Iêmen, indicou uma fonte da segurança. Em Sanaa, a capital, milhares de estudantes e advogados gritaram “Depois de Mubarak, Ali”, em referência o presidente Ali Abdullah Saleh, que está no poder há 32 anos.

Os manifestantes tentaram chegar à praça Tahrir (Libertação), que tem o mesmo nome da praça do Cairo que foi epicentro da revolução, mas as forças de segurança impediram o avanço. Este foi o quarto dia dos protestos no país. Centenas de partidários do partido Congresso Popular Geral (CPG, no poder) atacaram os manifestantes com cassetetes, facas e pedras. Alguns sofreram ferimentos leves.

O correspondente da BBC em árabe Albdullah Ghorab, com o rosto coberto de sangue, afirmou à AFP que foi agredido por homens do partido governista. A manifestação foi organizada por estudantes e integrantes da sociedade civil. A oposição parlamentar, que decidiu retomar o diálogo com o regime, não participou. Em Taez, ao sul da capital, milhares de pessoas também pediram mudança de regime e oito pessoas ficaram feridas.

No Bahrein o líder do principal bloco opositor do Bahrein, Al Wifaq, xeque Ali Salman, disse esta quarta-feira que os protestos para introduzir reformas políticas no país são um assunto interno e rejeitou a intromissão de outras nações, como o Irão. Em declarações publicadas no site do partido, o secretário-geral do Al Wifaq ressaltou que o Bahrein “não pede um governo religioso, mas um estado civil democrático em que a soberania resida no povo”. “Rejeitamos intromissões de qualquer país, seja do Irão ou de outro Estado”, ressaltou Salman em alusão aos rumores de que o regime iraniano está por trás das manifestações realizadas no Bahrein e em outros países árabes.

Além disso, indicou que seu grupo deseja uma monarquia constitucional, na qual o povo elege o governo, e, segundo ele, isso requer “um consenso para uma nova Carta Magna para esta etapa”. Salman disse que há oito anos defende “a ideia da alternância pacífica do poder”. Por isso, as reivindicações atuais de seu partido, que representa a comunidade xiita (70% da população do país), não são novas. Os xiitas protagonizaram diversos protestos no passado para exigir uma maior reforma democrática e um papel mais representativo no reino, dirigido desde 1999 pelo monarca sunita Hamad ibn Isa Al Khalifa.

No Irão a oposição reformista conseguiu organizar na segunda-feira a primeira manifestação contra o governo num ano em Teerã, apesar das advertências das autoridades, que proibiram qualquer protesto e mobilizaram amplamente as forças de segurança. Alguns manifestantes gritaram frases como “morte ao ditador” e manifestaram apoio ao líder opositor Mir Hossein Mousavi, segundo sites ligados à oposição.

Incidentes foram registrados em várias áreas da capital iraniana entre manifestantes e as forças de segurança, que usaram gás lacrimogêneo. De acordo com o site Kaleme.com, de Mousavi, centenas de pessoas teriam sido detidas.

O Iraque também viveu esta quarta-feira o dia mais violento desde o início dos protestos há duas semanas. Três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na cidade de Kut, no sul do Iraque, quando manifestantes que exigiam melhores serviços básicos entraram em confronto com a polícia e atearam fogo a prédios do governo, disseram fontes de um hospital e da polícia. Cerca de 2.000 pessoas saíram às ruas em Kut, atirando tijolos e pedras contra as forças de segurança iraquianas.

Alguns manifestavam seu descontentamento com o primeiro-ministro Nuri al-Maliki, ecoando os protestos anti-governo que abalaram outras regiões do mundo árabe. “Abaixo, abaixo o governo de Maliki. Abaixo, abaixo a corrupção. Abaixo, abaixo os ladrões”, gritava o professor Ali Abdulla, de 36 anos, que liderava um grupo de manifestantes e sangrava na cabeça após um confronto com a polícia. “Pedimos mudança. Não ficaremos mais em silêncio.”

Na Jordânia centenas de populares voltaram às ruas de Amã e da cidade de Irbid esta quarta-feira para pedir reformas políticas e a renúncia do novo governo, nomeado na semana passada. O primeiro-ministro Marouf Bakhit assumiu após a destituição de Samir Rifai. O rei Abdullah II encarregou o novo premiê de realizar as “reformas políticas e econômicas reais”, exigidas pelo povo.

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