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Quando um protocolo de controlo (incumprido) de armas descontrola vidas humanas

Mas não se tratava de uma guerra, as explosões que foram sentidas a mais de uma dezena de quilómetros de distância tinham uma explicação segundo o Ministério da Defesa, ou, pelo menos, uma tentativa de explicação: as elevadas temperaturas.

Mas não se tratava de uma guerra, as explosões que foram sentidas a mais de uma dezena de quilómetros de distância tinham uma explicação segundo o Ministério da Defesa, ou, pelo menos, uma tentativa de explicação: as elevadas temperaturas.

Em declarações à Televisão, o porta-voz do Ministério da Defesa, Joaquim Mataruca, nessa altura, atribuiu as explosões a um curto-circuito no paiol e aconselhou a população a procurar refúgio “fora dos prédios” vizinhos e a abandonar ordeiramente o local. De referir que os termómetros atingiram um máximo de 36 graus centígrados.

Refira-se que no ano de 2007 aquele foi o segundo acidente que ocorreu no paiol num espaço de dois meses, sendo o primeiro em Janeiro com a deflagração de explosivos antigos, causando três feridos graves – também devido às elevadas temperaturas de Verão, segundo explicou na altura o ministro da Defesa.

Naquele depósito de armamento – onde mais de 20 toneladas de equipamento obsoleto aguardavam destruição – registou-se um outro incêndio devastador em 1985, em que morreram 12 pessoas.

Moçambique não honrou a palavra

Algumas semanas depois das últimas explosões, o Instituto de Estudos Estratégicos Sul-Africano referiu que o incidente revelou que Moçambique não cumpriu o acordado no Protocolo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para o controlo de Armas de Fogo, em 2002.

Está previsto no documento do protocolo que todos os países signatários devem “destruir armas de fogo e outros equipamentos excedentes, redundantes ou obsoletos” e “claramente, Moçambique não o fez”, afirma o relatório.

As explosões que duraram mais de três horas foram responsáveis pela morte de pelo menos 102 pessoas e por mais de 500 feridos. Mais de 40 continuam a receber tratamento médico especial. Um pouco mais de 750 famílias perderam as suas casas e as suas propriedades.

Destruição
dos engenhos

“Os ruídos de 25 toneladas de engenhos explosivos hoje destruídos em Moamba – a 45 quilómetros de Maputo – fizeram-se ouvir esporadicamente ao início da tarde, causando pânico aos populares das zonas próximas do quartel, que chegaram a abandonar as suas casas”, escreveu o Jornal Notícias na sua edição do dia 21 de de Maio de 2007.

Na ocasião, o porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Joaquim Mataruca, disse que as explosões ocorreram em Moamba, onde decorre o processo de destruição de engenhos explosivos, no âmbito do desmantelamento do paiol de Malhazine.

“As explosões que ouvimos foi em direcção à Moamba, não têm nada a ver com o paiol de Malhazine”, referiu Mataruca.

No total, foram “nove explosões separadas que ocorreram no âmbito do processo de destruição de engenhos explosivos”, armazenados no principal e maior quartel de armamento bélico em Moçambique.

“Estávamos a destruir bombas de aviação. É um trabalho que fazemos todos os dias, mas hoje ouviu-se muito porque é um dia calmo”, acrescentou.

Questionado sobre o porquê de não se informar antecipadamente os habitantes acerca das explosões das bombas de aviação, Mataruca justificou: “Achou-se que o impacto seria menos grave”.

Outras vítimas

Três menores de 11 e 13 anos de idade, dos quais dois gémeos, morreram, no dia 12 de Junho de 2007, na cidade de Maputo em consequência da explosão de um obus que estava soterrado no pátio de uma residência no bairro de Magoanine “A”, desde o incidente do paiol de Mahlazine, de 22 de Março último, sem conhecimento da família.

As crianças, Euclídeo Sandra Bazar, 13 anos, e Nélio Alfredo Mulhovo, 11 anos, perderam a vida no momento da explosão, cerca das 17 horas e trinta minutos de terça-feira. Oléncio Sandra Bazar veio a morrer, no início da tarde do dia seguinte, no Hospital Central de Maputo (HCM), após a sua entrada com um dos braços já amputado e outros ferimentos graves.

Pelo menos cinco militares das Forças Armadas moçambicanas morreram no sábado, 23 de Junho, vítimas da explosão de munições de artilharia, parte dos projécteis que resistiram à explosão de um paiol militar em Maputo, a 22 de Março.

O Jornal citado escreveu ainda que “a explosão, ocorrida no distrito de Moamba (província de Maputo) fez ainda 11 feridos”.

Os projécteis não deflagrados após as explosões de há cerca de três meses no paiol militar de Malhanzine, avaliado em cerca de 400 toneladas de material de guerra obsoleto, foram recolhidos e transportados para a localidade de Moamba (oeste de Maputo) para destruição controlada, um processo que contou com a participação de peritos da Forças Armadas sul-africanas.

O Ministério da Defesa de Moçambique garantiu, na altura, que a conclusão do processo estava prevista para Julho do mesmo ano.

MDM

Uma fonte do MDM referiu que é díficil precisar o que está a acontecer no momento, dado que o Conselho de Ministros não só deliberou a destruição dos engenhos, como também a transferência dos paióis ao longo do país para zonas desabitadas. Revelou ainda que outra parte do material vai passar por um processo de requalificação. Outro aspecto levantado pela fonte é o de que pode também estar a decorrer a construção de novos paióis, portanto, é díficil precisar, no tempo, que actividade pode estar a decorrer.

Outro ponto levantado é que os responsáveis militares que se encarregam dessas actividades prestam contas ao Chefe do Estado-Maior General e este, por seu turno, presta ao Ministro do pelouro.

 

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