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“Quando queixamos ao presidente as autoridades nos perseguem”

Uma mulher do distrito de Moma, província de Nampula, disse, domingo, ao Presidente moçambicano, Armando Guebuza, que quando alguém apresenta uma certa preocupação em comício popular depois é perseguida pelas autoridades locais.

Trata-se de Eugénia Viagem, do Posto Administrativo de Chalaua, que apresentou a sua queixa durante um comício popular orientado pelo Chefe do Estado no Posto Administrativo de Larde, também em Moma, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva a província nortenha de Nampula.

“Quando as pessoas apresentam as suas preocupações, depois sofrem perseguições protagonizadas pelas estruturas dos postos de Chalaua e Larde”, disse Viagem, acrescentando que “as pessoas (denunciantes) são notificadas e as vezes chegam a fugir de casa de tanto serem perseguidas”. “Mas eu ganhei coragem para apresentar essa preocupação ao Senhor Presidente, se quiserem podem vir me levar aqui mesmo”, disse ela, tendo depois merecido aplausos dos seus companheiros do distrito presentes no comício.

A semelhança de outros intervenientes no comício, ela reclamou o facto de a população de Chalaua ter sido prometido um centro de formação que depois foi “desviado” para Moma-sede. Isto porque esta infra-estrutura não foi mais erguida em Chalaua, mas sim em Moma-sede. Eugenia Viagem disse igualmente que o apoio canalizado pelas populações para as escolas já não serve para comprar material das escolas, ao invés, os directores dos estabelecimentos de ensino usam o dinheiro na construção de casas de alvenaria.

Outro cidadão, de nome Salimo Assulane, disse que a pobreza não vai acabar em Moçambique enquanto os empreiteiros das obras de construção civil continuarem a não pagar salários aos seus trabalhadores. Assulane faz parte de um grupo de 20 trabalhadores da empresa de construção civil ECMEP (uma firma moçambicana mergulhada numa grave crise técnica e financeira) que trabalhavam na construção de salas de aula e que não foram pagos os seus salários.

“Por causa da falta de salários, as crianças perderam as aulas e nós fomos vendendo os nossos bens para podermos sobreviver”, disse ele. Uma empresa acusada por um grupo de 56 trabalhadores de não pagar salários em divida é a Construções Alfredo da Cunha que se dedica a construção de estradas e escolas. Ainda sobre os salários queixou-se o cidadão Age Selemane, agente de segurança da empresa Kenmare, que explora as áreas pesadas de Moma, na localidade de Topuito.

Selemane acusa esta empresa de capitais irlandeses de pagar diferentes salários a trabalhadores estrangeiros que realizam o mesmo trabalho com os nacionais, situação que ele considera de injusta. Reagindo a essas intervenções, o estadista moçambicano disse a população de Moma que a sua equipa de trabalho havia tomado nota dos problemas apresentados e havia de procurar os perceber melhor para poder tomar “decisões acertadas”.

Ainda assim, sobre o problema das supostas perseguições aos queixosos, Guebuza disse que as pessoas nunca devem ter medo de dizer as suas opiniões e não pode haver retaliação contra elas. “Não devem ter medo de falar, mas não devem mentir. O que sabemos que é correcto é preciso dizermos sem medo nenhum”, disse Guebuza.

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