Sob o lema “Mulher Moçambicana engajada na luta contra a pobreza, pela igualdade de direitos e oportunidades para todos”, o país comemorou na quarta-feira, o trigésimo nono aniversário da morte de Josina Machel, heroína nacional, e trigésimo sétimo aniversario da criação da Organização da Mulher Moçambicana.
Em Nampula, a data foi caracterizada por uma enorme movimentação de mulheres de todas as idades e extractos sociais que saíram à rua para celebrar a efeméride num ambiente de festa e de muita emoção. Uma moldura humana, composta maioritariamente por mulheres fez-se presente, logo pela manhã, à praça do Destacamento Feminino, de onde seguiu, depois, em caravana à praça dos Heróis Moçambicanos, local onde decorreu a tradicional cerimónia de deposição de flores, incluindo a apresentação de diversas mensagens. Cuja sequência sofreu, entretanto, algum constrangimento devido ao facto de enormes grupos de mulheres terem abandonado prematuramente o local a fim de se submeterem a adornos faciais com base no tradicional mussiro.
Inicialmente, repleta de pessoas, a Praça dos Heróis Moçambicanos acabou, em face da situação, por ficar bruscamente “às moscas”, reduzida à presença de membros e simpatizantes do partido Frelimo, alguns alunos, funcionários e formandos das instituições de formação de professores, que se viram obrigados a pemanecer no local até ao final das cerimónias, cumprindo, deste modo, as instruções recebidas das suas instituições. Alguns dos nossos entrevistados, justificam que a debandada resultou do alegada partidarização das datas nacionais.
É exemplo disso o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) que, este ano, juntou-se à outras formações politicas nas celebrações do 7 de Abril, mas decidiu retirar-se imediatamente da Praça quando foi informada que a sua proposta de apresentar uma mensagem havia sido chumbada na sede do Comité Provincial da OMM em Nampula. Gilda Bonifácio Muchomola, presidente da Liga Provincial da Mulher daquele partido, estranhou a rejeição. Entretanto, porque reconhece os feitos de Josina Machel, acabou por festejar a efeméride na sede do seu partido. Enquanto a Liga Feminina da Renamo optou pela habitual ausência nas celebrações. O Wamphula fax teve muitas dificuldades de aceder ao programa da Renamo, mas acabaria por ser informado que aquele partido considerava o 7 de Abril como simples aniversário da OMM, movimento que defende os interesses da Frelimo.
Entretanto, o secretariado provincial d a Or g a n i za ç ã o d a Mu l h e r Moçambicana defende a necessidade de se elevarem os níveis de escolarização da rapariga com vista à materialização dos objectivos de combate à pobreza no país. E sublinhou que, apesar da prevalência de alguns obstáculos relacionados com o baixo nível de escolaridade, a mulher sente-se orgulhosa na valorização da igualdade de oportunidades e na sua participação na tomada de decisões em diversos sectores de produção.
Aquele organismo considera que a efeméride não só deve servir de festa, como também de reflexão, tendo em conta os esforços empreendidos por Josina Machel, a quem coube o comprometimento de pugnar ao lado do homem na luta contra o colonialismo português. Por seu turno, o governador da província, Felismino Tocoili, disse que reconhece o envolvimento da mulher nos programas de combate à pobreza, mas defende a necessidade do seu melhor engajamento nas acções de formação académica e técnicoprofissional e nos órgãos decisórios.
De acordo com suas palavras, em Nampula, cerca de 35 por cento de mulheres farão parte dos conselhos consultivos nos próximos anos. Na cidade de Nampula, a festa do 7 de Abril prosseguiu, até ao principio da noite, no seio das famílias e em estabelecimentos de hotelaria e turismo, incluindo uma feira de gastronomia regional.