Pelo menos mil mulheres, na sua maioria proprietárias de machambas de arroz na zona de Damas, no bairro da Munhava-Matope, na cidade da Beira, Centro de Moçambique, amotinaram-se Sexta-feira ultima defronte do edifício do Conselho Municipal da Beira (CMB). Elas exigem o ressarcimento justo pela perda das suas terras ou destruição das suas culturas, em conexão com a implantação do projecto de construção do novo terminal de carvão e minerais no Porto da Beira.
O grupo, que permaneceu no local por um pouco mais de oito horas, juntou-se naquele local pelo facto de o CMB fazer parte da comissão encarregue de efectuar o levantamento das camponesas lesadas em parceria com a empresa Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM) proprietária do projecto. Do mesmo grupo de camponesas, algumas estão a receber 1.500 meticais (cerca de 55 dólares americanos), outras dois mil meticais e outras ainda cinco mil meticais como compensação.
Fátima Manuel Jussa, uma das proprietárias das machambas ocupadas, disse, citado pela edição de hoje do “Diário de Moçambique”, não saber o porquê desta disparidade. Entretanto, o representante dos CFM neste processo de compensações, Rito Almirante, disse que a disparidade no pagamento dos valores deve-se ao facto de existir um grupo que perdeu apenas culturas de arroz, devido à invasão das águas salgadas, e outro que perdeu culturas e a própria terra.
O último grupo tem direito a receber cinco mil meticais, enquanto o primeiro, que apenas ficou sem as culturas de arroz, tem como compensação 1.500 meticais. “Esta base de cálculo destes valores não está a ser entendida pelas camponesas, havendo no grupo dos que têm direito a receber 1.500, alguns oportunistas”, afirmou Almirante, prometendo segunda-feira efectuar novos registos. O levantamento indica que mais de mil camponesas ficaram lesadas pela repulsão das areias dragadas no mar.
A empresa CFM calcula em 2,9 milhões de meticais o valor envolvido para as compensações.