Oficinas de manutenção de viaturas, locais de reparação de escapes, remendadores de pneumáticos e lavagem de carros crescem como cogumelos na via pública na cidade de Nampula. As pessoas, das quais uma parte não possui licenças para o efeito, realizam os seus trabalhos perante o olhar despreocupado da edilidade. Esta reconhece a gravidade do problema e as suas implicações na estética da urbe, porém, ao invés de refreá-lo, diz que ainda vai fazer o levantamento dos sítios em causa com vista a indicar outro espaço para os que usam locais impróprios para exercerem a sua actividade.
Devido à procura desenfreada de meios de sobrevivência e de lugares supostamente de maior fluxo de clientela, presentemente, um pouco por toda a cidade de Nampula, sobretudo nos bairros periféricos, há estabelecimentos e ou oficinas a céu aberto que se dedicam à manutenção e reparação de veículos, à reparação de escapes, ao remendo de pneumáticos e à lavagem de carros, apesar da contestação dos munícipes.
Essa actividade desenvolvida sobre os passeios tem como consequência a proliferação de sucatas na via pública por causa das viaturas abandonadas. A situação está a ganhar contornos alarmantes na terceira maior cidade de Moçambique. Na verdade, trata-se de um fenómeno antigo que se agravou ao longo dos anos sob o olhar indiferente das autoridades municipais.
Grande parte das oficinas em alusão, senão todas, não reúne os requisitos necessários para o exercício do ofício a que os proprietários se dedicam. As autoridades municipais nada fazem para impor a Postura Camarária, que, dentre outras medidas, prevê a remoção de todos os veículos bem como o encerramento de oficinas que operam em sítio inadequados, para além da aplicação de multas pelo exercício ilegal da actividade.
Enquanto os mecânicos se instalam um pouco por todo o lado como forma de responder à crescente procura de assistência técnica de automóveis, os transeuntes circulam com dificuldades de um ponto para o outro nos lugares onde o caos prevalece, uma vez que os passeios estão obstruídos. Os munícipes são obrigados a disputar as faixas de rodagem com viaturas correndo o risco de serem atropelados. Trata-se, também, de um problema que resulta do crescimento do parque automóvel no município de Nampula.
Na Rua da Unidade, que liga a cidade de Nampula aos bairros de Carrupeia e Napipine, e que dá acesso à Estação Principal de Tratamento e Bombagem de Água (ETA), vulgo barragem, a situação é gritante. Mais de cinco oficinas funcionam numa estrada estreita mas muito usada por peões e viaturas.
No bairro de Mutauanha, concretamente no mercado da Faina, e no prolongamento da Avenida das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), o caos é igualmente preocupante. No bairro de Muhala-Expansão, na estrada que liga a cidade de Nampula aos distritos de Mogovolas e Angoche, há muitas oficinas clandestinas.
Em caso de reabilitação da Rua da Unidade as dificuldades de transitabilidade serão maiores. A presença da Polícia de Trânsito tem sido inútil na medida em que circular por ali é uma autêntica dor de cabeça. O pior ainda é que, para além dos passeios estarem ocupadas por oficinas, nas imediações existem viaturas avariadas e sem a devida recuperação há mais de um ano. Este problema já foi levantado por um grupo de cidadãos numa das sessões da Assembleia Municipal de Nampula, porém, ainda não há solução.
A manutenção de viaturas, a reparação de escapes, o exercício de remendos de pneumáticos e lavagem de carros contribuem para a sobrevivência de muita gente na cidade de Nampula, em particular de jovens desempregos. E é nesses lugares onde algumas pessoas aprendem a mecânica. Contudo, há necessidade de se encontrar um local apropriado para o efeito.
O nosso Jornal apurou que algumas dessas oficinas não são desmanteladas porque os donos subornam os agentes da Polícia Municipal para não lhes autuar. Outros polícias reparam os seus carros gratuitamente nos mesmo sítios.
Refira-se que os locais a que nos referimos não dispõem de escritórios para tratar assuntos burocráticos, casas de banho nem de armazéns. São apenas espaços abertos. No fim do dia, as peças e outras ferramentas são arrumadas em sítios estrategicamente identificados para o efeito. Trata-se de uma profissão exercida por indivíduos que não têm salário, e que se limitam a repartir a receita obtida a partir da reparação de cada viatura, por exemplo.
Edilidade promete corrigir o problema
O vereador da Polícia Camarária e Fiscalização no Conselho Municipal de Nampula, Olindo Socas, assumiu que a multiplicação de lugares destinados à manutenção e reparação de carros é séria e grave. A edilidade está a trabalhar com vista a corrigir a situação e a primeira medida vai consistir na remoção das viaturas que se encontram sobre os passeios há bastante tempo, independentemente do seu estado mecânico. Para o efeito, há necessidade de coordenar com as outras áreas abrangida pelo assunto em alusão.
Socas disse também que o município pretende criar um espaço adequado à manutenção e reparação de viaturas, pois encoraja esse tipo de trabalho através do qual os praticantes sobrevivem e garantem alimentação às suas famílias. “O que pretendemos é que as coisas sejam feitas de forma regrada”.
Refira-se que a cidade de Maputo também já enfrentou o mesmo problema. Neste momento, a transformação de passeios em oficinas de reparação de viaturas é mais notória nos arredores da urbe. Mas na zona de cimento ainda é possível encontrar carros avariados e aparentemente abandonados sobre os sítios reservados à circulação de peões.