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Projectos apoiados pelo BAD devem trazer benefícios directos para a população

Os projectos apoiados pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em países como Moçambique terão de incluir mais operações que gerem emprego e outros benefícios directos para as populações, admitiu o director da instituição para a região sul.

Chiji Chinedum Ojukwu, questionado se os grandes projectos em África produzem esse efeito, disse que “não é por serem grandes que não trazem benefícios”, já que “estes projectos dão receitas para os orçamentos que, aplicadas na educação e saúde, por exemplo, se traduzem em benefícios para as pessoas”.

Em vésperas da reunião anual do BAD, em Lisboa, entre 6 e 10 de Junho (Cm N 3583, pág. 1), Chiji Ojukwu referiu que para haver crescimento inclusivo é necessário outro tipo de projectos. O banco terá de assegurar, juntamente com os outros parceiros, “que a assistência inclua operações que criem emprego e que assim as pessoas possam beneficiar directamente desses projectos”, afirmou o director de operações do BAD.

É preciso também “fazer emergir o sector privado e criar o ambiente para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas”, um desafio para o qual os governos devem trabalhar criando o enquadramento legal necessário e garantindo mais transparência, defendeu.

Número & evidências

Os números mostram que Moçambique tem um “forte crescimento” económico, mas a pobreza não está a diminuir nos últimos anos. Melhoraram os acessos à educação e saúde, mas estagnou a pobreza dita de consumo (poder de compra) e a taxa global de pobreza inclusive aumentou ligeiramente, de 54,1 porcento em 2002/ 2003 para 54,7 porcento em 2008/2009.

Por isso, a actual estratégia do BAD para Moçambique passa pelo apoio à criação de uma estrutura orgânica de pequenas e médias empresas que gere emprego sustentado e promova um crescimento económico mais inclusivo. Moçambique e Angola, recordou Chiji Chinedum Ojukwu, viveram períodos de guerra e quando os programas de assistência começaram não estavam capacitados a muitos níveis, elogiando o que foi conseguido nos últimos anos.

“Implementar os projectos é um problema. Muitas vezes temos problemas com a forma como as operações estão desenhadas e são geridas. Mas o BAD está a fazer o seu melhor a dar-lhes assistência no terreno e a ajudá-los”, disse o responsável do BAD. Corrupção A corrupção, outro tema sobre o qual o responsável do BAD foi questionado e que levou alguns parceiros do desenvolvimento de Moçambique a ameaçarem suspender a ajuda, “não ocorre só em Angola e Moçambique”, disse Ojukwu.

“É um problema dos países africanos e é uma preocupação. Não se pode ir para a frente com um projecto sem estar seguro de que será feito de forma transparente”, sustentou o director do BAD.

Mas Moçambique está a introduzir “reformas importantes”, salvaguardou, considerando positivo o facto de ser um dos países signatários da convenção anti-suborno da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O director de operações do BAD para a região sul comentou ainda a actual situação económica de Portugal e o impacto que pode ter em Moçambique e Angola.

“A relação com Portugal é muito importante para estes países e se Portugal está em recessão isso terá impacto, um impacto que pode ser minimizado em parte pelo contributo de outros parceiros, incluindo o nosso” (BAD), sustentou. “Estamos conscientes de que esse esforço será feito”, afirmou.

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