Os produtores de tabaco da província do Niassa, norte de Mocambique, acumularam prejuízos estimados em 67 milhões de meticais (2,5 milhões de dólares EUA), facto que resultou da impossibilidade de comercializar a sua produção referente a campanha finda, devido ao contrabando do produto do vizinho Malawi.
O tabaco malawiano entra em Moçambique através dos distritos de Mecanhelas, Mandimba e Ngauma, estimulado pelo bom preço praticado na sua comercialização.
A entrada do produto estrangeiro faz com que os operadores não tenham capacidade financeira para comprar a totalidade do tabaco da província do Niassa.
A Mozambique Leaf Tabaco, que opera na província do Niassa, comercializou cerca de 20 mil toneladas de tabaco da campanha agrícola finda, mais quatro mil em relação a sua meta segundo o respectivo director Regional – Norte, Cláudio Ferreira.
Cláudio Ferreira referiu que o processo exigiu a mobilização de um montante estimado em 760 milhões de meticais (o dólar vale cerca de 27 meticais).
Ferreira referiu a página “Economia e Negócios” do “Noticias” que a crise que afecta a economia do Malawi, onde um metical é cambiado a 164 kwachas, obrigou os produtores daquele país vizinho a comercializar a sua produção em Moçambique, aliciados pelos preços atractivos que estão a ser praticados.
A tabela de preços para a compra de tabaco está fixada em 81 meticais o quilograma de primeira e 21 meticais por da qualidade mais baixa.
Para introduzir o tabaco em Mocambique os produtores malawianos corrompem os transportadores nacionais de mercadoria para declararem o produto como sua carga. A mercadoria é transportada à calada da noite para escapar à vigilância montada nos postos fronteiriços.
“Porque aquela situação iria afectar o sistema de controlo que montamos no contexto da comercialização do tabaco dos camponeses com quem trabalhamos, denunciamos o contrabando de tabaco do Malawi junto do Governo Provincial, que de imediato, tomou providências para estancar o fenómeno que antevíamos que traria prejuízos aos produtores nacionais ”- ajuntou Cláudio Ferreira.
A MLT fomenta a cultura de tabaco nos distritos de Cuamba, Mandimba, Mecanhelas, Nipepe, Maúa e do Lago. Sónia Namaumbo, directora dos serviços distritais de actividade económica em Cuamba onde a MLT instalou a sua logística para o fomento do tabaco na província do Niassa, disse que muitas famílias poderão enfrentar situações de insuficiência de alimentos para o seu consumo por falta de dinheiro para a sua aquisição nos próximos tempos.
“A associação do tabaco com culturas alimentares é arriscada em razão do uso de pesticidas e é por isso que os produtores de tabaco se dedicam exclusivamente à produção daquela cultura. Isso justificase na medida em que os rendimentos que obtêm da comercialização do tabaco são altos, cobrindo as despesas com outros bens, incluindo alimentos”, explicou Sónia Namaumbo.
Aquela responsável assegurou que o Governo do Niassa não vai ficar impávido e sereno porque uma solução para o assunto do tabaco não comercializado deve ser encontrada a breve trecho envolvendo a fomentadora da cultura de rendimento praticada por cerca de 10 mil camponeses daquela província de forma a prevenir situações desagradáveis.