Os sistemas actuais de produção de alimentos são “ineficientes” e “insustentáveis” e são responsáveis por 60% da perda de biodiversidade ao nível global e por 24% das emissões de gases do efeito estufa, alertou nesta quarta-feira o Painel Internacional de Recursos (IRP, na sua sigla em inglês).
O desmatamento para agricultura, a superexploração de pesca e a contaminação de solos e aquíferos são algumas das causas directas da perda de biodiversidade, às quais é preciso somar o impacto da mudança climática produzido pelo uso de combustíveis fósseis.
No seu último relatório, apresentado no marco da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), o painel de especialistas aposta por modificar todos os elos da cadeia de fornecimento, desde a produção até ao transporte e a venda, para reduzir a marca ecológica e combater a fome.
“A perda de biodiversidade, a mudança climática e a degradação do solo são grandes problemas que têm um impacto directo na segurança alimentar”, afirmou o ex-comissário da UE e actual co-presidente do IRP, Janez Potonick, durante o seu discurso na Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA).
A população mundial multiplicou-se por quatro no último século, enquanto o uso dos recursos naturais é 34 vezes maior, o que ameaça provocar danos irreparáveis no meio ambiente.
Isto, unido à crescente classe média nos países em vias de desenvolvimento, obrigará aos Governos a tomar medidas para mudar a maneira de produção de alimentos e, ao mesmo tempo, a modificar os hábitos de consumo -incluído o Primeiro Mundo.
O sistema alimentar actual criou uma situação paradoxal na qual 800 milhões de pessoas vivem abaixo do umbral da pobreza e outras 2 mil milhões têm sobrepeso, apontou o IRP.
Reduzir o consumo de produtos que requerem o uso intensivo de recursos -especialmente a carne-, apostar por cadeias de fornecimento regionais e conscientizar ao consumidor final sobre o impacto ambiental das suas decisões são algumas das propostas do relatório do painel.