Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

PRM alinha no discurso de combate à corrupção e fala de expulsões mas sem rostos

Há uma directiva clara que consiste em incutir no povo a ideia de que o Governo está comprometido com o combate aguerrido à corrupção. É que, de algum tempo a esta parte, os membros do Executivo, incluindo o próprio chefe do Estado, Filipe Nyusi, propalam, em voz alta, tolerância zero ao mal que tem lesado o Estado em milhões de meticais. E a Polícia da República de Moçambique (PRM) alinha anunciando que ao menos 147 membros da foram expulsos, de Janeiro a Setembro do ano em curso, por alegada prática de corrupção, sobretudo extorsão na via pública. Na realidade, a distancia entre os discursos de boas intenções e o que efectivamente se faz é abismal.

Porém, a mesma Polícia que divulga à imprensa, de forma recorrente, a identidade completa de supostos bandidos e demais cidadãos indiciados de cometimento de diversos crimes, não pôde ser mais precisa na indicação dos agentes que alega terem sido expulsos.

Sem rostos, nem identidade e tão-pouco as unidades policiais em que os visados estavam afectos, a informação sobre os 147 elementos expulsos foi tornada pública após o XXVII Conselho Coordenador do Ministério do Interior (MINT). E parece um discurso para causar boa impressão, ou seja: “para inglês ver”.

Inácio Dina, porta-voz da instituição que tem como função garantir a segurança e a ordem públicas e combater infracções à lei em Moçambique, disse à imprensa, na terça-feira (07), que no que tange à disciplina na PRM, foram instaurados 500 processo disciplinares, dos quais 147 membros da polícia expulsos.

Segundo ele, os agentes da Polícia de Trânsito – encarregues pela fiscalização rodoviária e regulação do trânsito – e de Protecção são os que mais se envolveram em tais actos de corrupção.

Inácio Dina falou ainda de “um maior engajamento em purificar as fileiras” e avisou aos colegas que “continuaremos a expurgar todos aqueles que não se alinham com os ditames da corporação (…)”.

Num outro desenvolvimento, o agente da Lei e Ordem disse que as “expulsões devem significar um aviso para os restantes membros da Polícia” que eventualmente estejam envolver em actos que contrariem a disciplina policial, para que se corrijam enquanto é tempo.

Aliás, Bernardino Rafael, novo comandante-geral da PRM, disse, após a tomada de posse, que era preciso que a corporação combata energicamente a corrupção. Estes é o desafio imposto por Filipe Nyusi, Presidente da República e Comandante-Chefe. Por isso, há necessidade de “traduzir as palavras do Chefe do Estado em ordem de serviço para as nossas actividades”.

Para além da Polícia, o MINT abarca ainda o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), o Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP), o Serviço Nacional de Migração (SENAMI) e a Direcção Nacional de Identificação Civil (DNIC). Nestas duas últimas, não só a corrupção está instalada, como também ocorrem arbitrariedades de arrepiar os cabelos.

Neste contexto, Inácio Dina disse que as suas declarações cingiam-se apenas na informação relativa ao Comando-Geral da PRM. Mais não lhe competia. Aliás, relativamente à criminalidade de que os moçambicanos se queixam com frequência, mormente nos centros urbanos e nas zonas de expansão, a corporação registou, de acordo com a fonte, 16.576 delitos, de Janeiro a Setembro, contra 16.680 em igual período de 2016.

Daquele número, esclareceu-se 14.136 ocorrências, sendo que os roubos e furtos, os crimes contra propriedade e pessoas foram os mais registados, o que impõe “um desafio à Polícia” para encontrar medidas eficazes no sentido de evitar tais males.

Quanto aos acidentes de viação que, pese embora os apelos para que se conduza com prudência e haja respeito pelo vida, no período em análise, chegaram ao conhecimento da PRM 1.478 casos, contra 1.688 nos primeiros nove meses do ano passado, tendo resultado em 1.057 óbitos.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!