Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Primeiro presidente eleito democraticamente tomou posse no Egito

O primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, Mohamed Mursi, tomou posse neste sábado(30). Imediatamente depois do juramento, Mursi disse que estava nascendo hoje “um Estado moderno, constitucional nacional e civil”. Engenheiro formado nos Estados Unidos, Mursi é o primeiro não militar a assumir a Presidência do Egito desde que oficiais do Exército depuseram o rei, em 1952.

“Juro por Deus Todo Poderoso que vou sinceramente proteger o sistema republicano e respeitar a Constituição e o mandato da lei”, afirmou Mursi perante os juízes da Suprema Corte Constitucional, repetindo promessas que havia feito um dia antes para partidários na Praça Tahir, palco das manifestações pró-democracia no centro do Cairo.

“Vou cuidar dos interesses do povo e proteger a independência da nação e a segurança de seu território.”

Mursi, de 60 anos, fez o juramento diante da Corte em vez de no Parlamento, como era a norma no país, porque a Corte dissolveu no início deste mês o Legislativo, no qual os islamistas detinham a maioria das cadeiras. Essa e outras medidas foram adotadas para assegurar a continuidade da influência dos militares no governo.

Mursi já havia demonstrado seu descontentamento em relação a isso ao ter feito um juramento simbólico na Praça Tahir, crucial para a revolta anti-Mubarak. Na ocasião, ele disse que o povo é a única fonte de poder, em uma referência aos generais, que se consideram os árbitros da nação.

CENAS INUSITADAS

Depois do juramento de posse, Mursi foi à Universidade do Cairo fazer um pronunciamento no mesmo pódio usado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no seu discurso para o mundo muçulmano, em 2009, no início de seu mandato. Ao chegar à universidade ele foi recebido por uma guarda de honra e salvos de artilharia, ao som do hino nacional. Numa parede estava pintada a frase: ?Não ao Conselho Supremo das Forças Armadas”.

Entre as pessoas na plateia estavam mulheres usando véus islâmicos que cobrem todo o rosto ou apenas a cabeça, algumas portando retratos de manifestantes mortos. Havia também clérigos cristãos e muçulmanos e homens trajando ternos ou roupas tradicionais, alguns com barbas (usadas pelos islamistas).

A chegada do chefe militar do Egito, marechal Hussein Tantawi, provocou cenas inusitadas, com slogans como “Abaixo o regime militar” em contraposição a aplausos a Tantawi. A autoridade que presidia a cerimónia conduziu a multidão ao salão, entoando o slogan “O Exército e o povo são uma só mão”, embora algumas pessoas gritassem “Allahu akbar (Deus é o maior)”.

Mursi, usando fato e gravata, iniciou o seu discurso com as mesmas palavras, ao dizer “Deus é o maior, acima de qualquer um”.

O Conselho Supremo das Forças Armadas, de Tantawi, tem comandado o Egito na transição caótica e algumas vezes sangrenta desde a destituição de Mubarak. Realizou eleições, mas vinha governando por decreto, com decisões arbitrárias e frequentemente contraditórias, mesmo num momento em que a economia encolhe e há milhões de desempregados no país.

Algumas poucas dezenas de manifestantes pró-militares bloquearam neste sábado uma rodovia numa área do Cairo, portando cartazes que diziam: “?Sim à declaração constitucional”, numa referência ao decreto militar de 17 de junho, o último dia da segunda volta da eleição presidencial.

O decreto reduziu os poderes presidenciais, negando ao chefe de Estado o papel de comandante supremo das Forças Armadas, com direito a decidir sobre a guerra e a paz. Além disso, deu ao Conselho Militar poderes legislativos até que um novo Parlamento seja eleito, e direito de vetos ao texto da nova Constituição.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts