O primeiro-ministro da Tailândia propôs esta segunda-feira a realização de eleições em novembro com o objetivo de encerrar as tensões criadas pela resistência de manifestantes antigoverno que ocupam o centro comercial de Bangcoc.
Num discurso televisionado, o primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva afirmou que a agenda eleitoral era assunto de todos os partidos, que concordaram em um programa de reconciliação envolvendo cinco pontos que tem como objetivo encerrar a crise. O plano exige respeito à monarquia, mais igualdade social, mídia imparcial, pesquisas eleitorais independentes em meio à crise política atual e um debate em torno de reformas constitucionais. “Estou convencido de que não estamos longe de conseguir uma reconciliação nacional. Quando isso ocorrer, o governo estará pronto para realizar eleições em 14 de novembro”, afirmou Abhisit.
“Acredito que essa seja a melhor solução hoje”, completou. Representando as camadas mais pobres da população do país, os camisas-vermelhas ocupam algumas regiões de Bagcoc desde meados de março, deflagrando estado de emergência com suas tentativas de derrubar um governo que eles veem como elitista e antidemocrático.
O movimento anunciou que irá debater a proposta de Abhisit antes de anunciar sua resposta final. “Nós teremos propostas ao governo. Não vamos concordar com tudo”, afirmou um dos líderes do protesto, Jatuporn Prompan, à AFP. Houve uma série de fortes confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança em Bangcoc, onde 27 pessoas morreram e aproximadamente 1.000 ficaram feridas no mês passado.
Os camisas-vermelhas reforçaram os bloqueios nas estradas e aumentaram as medidas de segurança nas regiões sobre as quais detêm controle, que foram fortalecidas com barricadas formadas com pneus de caminhão, arames farpados e estacas de bambu.
O primeiro-ministro rejeitou no mês passado um compromisso dos camisas-vermelhas de cessar os protestos caso as eleições fossem realizadas nos próximos três meses, mas os manifestantes reverteram sua demanda original para eleições imediatas. Em março, o premiê ofereceu realizar eleições no fim de 2010 – um ano antes do marcado – para encerrar os protestos, mas os líderes dos manifestantes rejeitaram a proposta.
Uma tentativa frustrada do Exército, realizada em 10 de abril, de retirar os manifestantes da área ocupada em Bangcoc desencadeou uma onda de confrontos nas ruas que deixaram 27 mortos e centenas de feridos. “A operação deveria acabar com o problema, não causar outros”, afirmou o porta-voz do Exército, Sansern Kaewkamnerd, nesta segunda-feira, acrescentando que as forças de segurança iriam utilizar veículos blindados para retomar as áreas.
“Os veículos blindados vão oferecer segurança às autoridades, já que há grupos armados envolvidos nos protestos. Os carros blindados vão reduzir as perdas em ambos os lados.” As autoridades afirmam terem encontrado rifles e lançadores de granadas na casa de um membro dos camisas-vermelhas como parte de uma investigação de uma aparente tentativa de derrubar um helicóptero militar em 10 de abril.
Muitos camisas-vermelhas exigem o retorno do ex-premiê Thaksin Shinawatra, que foi derrocado em um golpe de Estado promovido em 2006 e que hoje vive no exterior para não ser preso sob a acusação de corrupção. Os protestos fizeram com que diversos hotéis e lojas fossem fechadas, fazendo com que governos estrangeiros alertassem sobre o perigo de viajar ao país, o que provocou uma grave crise no setor de turismo.
O movimento dos camisas-vermelhas sofreu fortes críticas depois que em torno de 100 manifestantes atacaram por engano um hospital na última quinta-feira, acreditando que o local abrigava forças de segurança. O think-tank International Crisis Group pediu que a Tailândia considere mediação internacional para evitar cair em guerra civil.