Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Primeiro-ministro haitiano quer repensar o país antes da reconstrução

O primeiro-ministro haitiano Jean-Max Bellerive, que avaliou esta quarta-feira em mais de 200.000 o número de mortos do terremoto de 12 de janeiro, afirmou que a reconstrução do país precisa ser totalmente repensada, em uma entrevista concedida à AFP.

AFP: A opinião pública haitiana considera que governo está totalmente ausente nesta crise. Vocês controlam a situação?

R: O governo sempre esteve envolvido nas iniciativas de controle da situação. Frente ao desastre de 12 de janeiro, era fundamental que houvesse uma reflexão entre mim, o presidente e outras pessoas sobre a necessidade de adaptar a ação governamental à crise. O que propus foi estabelecer um governo de crise, o que não quer dizer obrigatoriamente uma reformulação.

AFP: Vocês vão realojar as pessoas deslocadas?

R: Há diversos locais na saída norte de Porto Príncipe nos quais o governo trabalha para alojar um determinado número de pessoas. Mas é preciso estabelecer nesses locais serviços básicos (água, saúde, etc). Eu hesito em identificar esses locais para não levar as pessoas a invadir essas áreas antes que estejam prontas.

AFP: Como você prevê a reconstrução?

R: Esta não é uma reconstrução de remanejamento. Não se trata de reconstruir o que foi destruído. Trata-se de repensar um país. Além disso, é preciso avaliar como reconstruir e onde reconstruir. O país está em uma zona sísmica, não podemos recomeçar a construir sem levar em consideração esse risco. Temos equipes nacionais e internacionais que trabalham na reconstrução. Mas se trata de saber qual estratégia deve ser estabelecida para criar um novo Haiti. Esse custo precisará ser avaliado para que não nos precipitemos com iniciativas que correm o risco de produzir os mesmos efeitos da situação em que o país se encontrava, na véspera do terremoto, no dia 11 de janeiro. É preciso reconstruir melhor, de maneira diferente, de outra forma. O que quer dizer que é preciso respeitar os procedimentos de construção, respeitar a autoridade do Estado.

AFP: Quem será o responsável pela reconstrução, os haitianos ou a comunidade internacional?

R: Todas as soluções que tentaram impor ao Haiti fracassaram até agora. É preciso que os haitianos estejam envolvidos desde o início, na concepção, na realização e na conclusão. Não defendo uma posição nacionalista, nem chauvinista, é uma posição pragmática. Não é indispensável que o dinheiro da reconstrução passe pelas mãos do governo. Mas é preciso que o governo saiba que dinheiro está disponível, quem receberá o dinheiro e o que fazer com ele. Não poderemos aceitar mais que o dinheiro seja desbloqueado sem que estejamos cientes. Nesse caso, não há coordenação alguma possível. O único denominador comum entre os doadores no Haiti são os haitianos representados pelo governo.

AFP: Alguns temem que o país perca a sua soberania. Vocês compartilham desse temor?

R: Não. Não é o maior problema. Eu mesmo assinei um acordo como primeiro-ministro com o Exército americano para a gestão do aeroporto de Porto Príncipe. Pode ser um problema para alguns que isso seja feito por homens uniformizados. Poderíamos ter decidido apelar para uma empresa particular americana. Isso não seria um grande problema. O Exército americano estava na região, ele nos propôs uma ajuda técnica que aceitamos e, nesse caso, ele administra o aeroporto para nós.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!