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Não existem factos que vão reduzir a dimensão histórica de Eduardo Mondlane”

O historiador moçambicano Mateus Mutemba declarou em entrevista ao nosso jornal não existir factos que vão reduzir a dimensão histórica de Eduardo Mondlane, entanto que Herói Nacional, Fundador da Frelimo e Arquitecto da Unidade Nacional. 

Defendeu também que nada vai pôr em causa o facto de ele ter sido eliminado pelos inimigos da independência de Moçambique. “Portanto, é um facto histórico e objectivo que ele morreu de uma bomba e que quem quer que tenha sido que a colocou tinha por objectivo elimina-lo fisicamente entanto que ameaça para o regime colonial, que ele estava empenhado em combater”.

Mateus Mutemba fora abordado pelo nosso jornal para interpretar a tendência das varias versões que tem sido lançadas sobre a morte de Eduardo Mondlane, o que de alguma forma afecta a história oficial do País. De algum tempo para cá tem se discutido sobretudo na imprensa, onde exactamente Eduardo Mondlane morreu por explosão de uma bomba, no dia 3 de Fevereiro de 1969 (celebrou-se ontem o 41º aniversario da sua morte). Refira-se que o Governo da Frelimo decidiu consagrar o 3 de Fevereiro Feriado Nacional em homenagem aos Heróis Moçambicanos.

Nos últimos anos tem circulado informações indicando que Eduardo Mondlane morreu no seu escritório de trabalho e outras apontam que foi em casa de uma amiga, na Tanzânia. Mesmo tendo revelado reservas quanto a comentar isso, Mateus Mutemba disse ter a impressão que cada um pega nisto e faz a sua história. “Temos que ter também o cuidado com isso para não reduzirmos factos históricos às nossas interpretações” – aconselhou, mas também questionouse porque oficialmente se disse duma maneira e agora resolveu-se dizer doutra maneira.

Todavia, assumindo que a história é dinâmica, afirmou que pode haver uma série de factores que concorrem para esse tipo de situações, exemplificando o caso concreto de Moçambique que com o advento da nova Constituição de 90 passou a ter maior abertura do ponto de vista de pluralismo de ideias e a própria democratização da sociedade. Passou a existir espaço para diferentes pessoas e grupos de interesses se manifestarem e ou expressarem diferentes perspectivas sobre o que entendem ser a história do próprio País, naturalmente cada um com a sua agenda.

“Trata-se dum processo absolutamente natural” – salientou, recordando o que se costuma dizer que as pessoas são mais filhas do seu tempo do que dos seus próprios pais, isso para reflectir a dinâmica da mudança de pensamento e da maneira de estar das pessoas. “Portanto, cada um com a sua perspectiva, o seu sistema de referências, a sua educação, a sua postura sobre a sociedade, os valores ideológicos que o caracterizam (…) tudo isso também permite-nos ver o mesmo facto com diferenças”.

Mateus Mutemba lembrou ainda que em métodologia de investigação histórica também se preconiza que há um período considerado de confidencialidade em relação a determinadas matérias, tendo sugerido maior distanciamento dos factos na perspectiva de tempo.

“Portanto, quanto mais tempo passa em relação aos factos há menos emoções envolvidas por parte das pessoas que foram os protagonistas e há inclusive a possibilidade de se ter acesso a outras informações que por razoes éticas de um modo geral a investigação histórica também não se considera, não se põem acessível para analise mesmo por uma questão de que temos actores vivos, que são protagonistas de muitos desses eventos” – explicou-se.

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