O Presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, afirmou que a eventual divisão do Sudão Sul, após o referendo de autodeterminação deste domingo, não significa o fim duma revolução que ele dirigiu desde 1989. « Será um estimulante para o prosseguimento da aplicação da lei islâmica, a Charia, com a infelificidade dos nossos detratores», declarou o líder sudanês em Cartum.
Segundo as primeiras indicações, as populações do Sudão Sul vão provavelmente votar pela sua separação do país. « Para aqueles que pensam que a seperação do Sul significa o fim da Revolução de Salvação Nacional, dizemos que ela dá luz a uma nova revolução para a salvação, uma nova restruturação do país e a sua reconstrução e vamos continuar a magoar os nossos inimigos tanto no interior como no exterior do país », afirmou.
Al Bashir tomou o poder em Junho de 1989, na sequência dum golpe de Estado sem derrame de sangue com a sua Revolução de Salvação Nacional, que prosseguiu a aplicação da lei islâmica, a Charia, que exclui os não muçulmanos no Sul com penas severas tais como a amputação duma mão em caso de roubo confirmado e dos membros em caso de revolta contra o líder muçulmano.
« A Charia não envolve apenas as penas. A aplicação das penas que magoam os inimigos da lei islâmica vai prosseguir », sublinhou o Presidente, que acrescentou : « Vamos infligir estas penas para proteger a nossa juventude, os nossos filhos, os nossos valores morais, os nossos princípios e a nossa sociedade ». A divisão do Sul significa igualmente que o Governo sudanês vai perder mais de 80 porcento das receitas provenientes da exploração do petróleo, já que a maioria do ouro negro está na região sul do país.
Numa reação preventiva, o Governo de Cartum anunciou o aumento dos preços dos combustíveis, do açúcar e de alguns produtos e serviços de primeira necessidade. Tais subidas causaram no passado levantamentos populares, dos quais o de 1986 que pôs termo ao regime do marechal Gaffar Nimeiri (1969 a 1986).
Mas, o Presidente sudanês disse, sexta-feira, que o aumento dos preços de alguns produtos, apesar de ser rejeitado por alguns analistas, vai arrecadar cada vez mais fundos para financiar os projetos de desenvolvimento.