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Presidente Nyusi afirma que nenhum moçambicano é “suficientemente competente” para ser ministro dos Recursos Minerais e Energia

Presidente Nyusi afirma que nenhum moçambicano é “suficientemente competente” para ser ministro dos Recursos Minerais e Energia

Foto do Jornal NotíciasO Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, reconheceu a inexperiência de Letícia Klemens para dirigir o Ministério dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique e afirmou, durante a posse da nova governante, que nenhum moçambicano é “suficientemente competente” para o cargo.

Discursando nesta terça-feira(18) em Maputo, o Chefe de Estado fez uma breve descrição do sector dos recursos minerais e energia e dos desafios que Letícia Deusina da Silva Klemens tem pela frente num “sector bastante pressionado, não conseguirá agradar a todos, mas procure sempre e sempre, satisfazer os interesses do Povo, este é que é o objectivo essencial, é a principal meta”.

Nyusi, que não evocou nenhuma razão para a exoneração de Pedro Couto a 29 de Setembro passado nem destacou nenhuma qualificação especial para nomeação da jovem empresária, disse que “Pela complexidade do sector, ninguém é suficientemente competente para satisfazer a todos”.

Todavia a nova ministra, além da licenciatura em Ciências Jurídicas, não tem nenhuma outra formação académica relevante para o cargo público que vai ocupar, aliás nunca exerceu nenhum cargo governativo.

A agora governante entrou para a cerimónia da sua posse calada e saiu de lá muda. Mas questionada pelo jornal Economia e Negócios de 19 de Janeiro de 2012, sobre que conselho daria aos jovens que se estão a iniciar na área empresarial, Letícia Klemens afirmou que “antes de mais é preciso que dominem a área onde vão operar”. Na referida entrevista a ainda empresária disse que ela e os seus colegas deveriam “ser mais acutilantes e interventivos e deixarmos de muita política porque essa é para os políticos. Senão corremos o risco de confundir empresários com políticos”.

Ainda assim, no seu discurso de posse, o Presidente Nyusi incentivou a nova titular dos Recursos Minerais e Energia, “o que se quer e se recomenda, é uma firmeza e determinação para provar a diferença de realização e cumprir a missão que lhe é confiada, que lhe é incumbida”.

Interesses do povo Vs business de membros da Frelimo e das multinacionais

Entretanto o Chefe de Estado deixou explícito “que todas as actividades no sector devem ser desenvolvidas com base na transparência, ética, respeito pelas leis e normas vigentes, com tolerância zero relativamente a eventuais actos de corrupção”.

A ver vamos como Letícia Klemens irá conciliar os apetites vorazes dos membros do partido Frelimo, que têm grandes expectativas de continuarem a fazer negócios chorudos com os recursos minerais e a energia, os desejos das multinacionais que operam no sector e em simultâneo “satisfazer os interesses do Povo”.

Na ausência de uma justificação plausível para a escolha da nova ministra dos Recursos Minerais e Energia, e a julgar pelos seus parceiros comerciais – é associada o filho primogénito do falecido Presidente Samora Machel; é parceira de negócios de um sócio da filha do antigo Presidente Joaquim Chissano; tem negócios com um sobrinho e com o marido de uma das filhas do antigo Chefe de Estado Armando Guebuza; e também está relacionada com o filho de Alberto Chipande – , fica a impressão Letícia que essas conexões ditaram a decisão do Presidente Nyusi.

Por outro lado a exoneração de Pedro Couto aconteceu dias após da recente viagem do Filipe Nyusi aos Estados da América onde se reuniu com os CEO´s da Anadarko, Al Walker, e da Exxon Mobil, Rex Tillerson sem a presença do ainda titular dos Recursos Minerais e Energia, que nem sequer fez parte da comitiva. Fontes com conhecimento dos encontros referem que os chefões das multinacionais norte-americanas pediram a saída do ministro que estaria a retardar os vários processos necessários para o início das suas explorações na bacia do Rovuma.

Com fama de incorruptível Pedro Couto, ao longo destes 20 meses como ministro, conseguiu controlar a corrupção existente na aquisição de combustíveis líquidos, que lesou o erário em centenas de milhões de dólares norte-americanos em benefício do partido Frelimo. Será que a nova ministra consegue enfrentar os ávidos corruptos?

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