O Presidente malawiano, Bingu Wa Mutarika, chega esta Segunda-feira a Maputo para uma visita oficial de três dias a Moçambique, durante a qual manterá encontros com o seu homólogo, Armando Guebuza. Segundo um comunicado de imprensa da Presidência da República no domingo recebido pela AIM, a visita de Wa Mutarika visa aprofundar os laços de amizade, solidariedade e cooperação entre os dois países.
“Durante a sua estada em Moçambique, o chefe do Estado do Malawi vai visitar o Porto da Beira (localizado na província central de Sofala) e o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), no distrito de Boane, província sulista de Maputo”, lê-se no comunicado de imprensa. O jornal malawiano “NASA Times” escreve, na sua edição de domingo , que durante a sua visita a Moçambique, Wa Mutarika irá tentar persuadir o governo de Guebuza a dar o seu apoio para o andamento do projecto de (re) abertura dos rios Shire e Zambeze de modo a permitir a navegação de navios a partir de Nsanje (no Malawi) até ao Porto de Chinde, na província da Zambézia, Centro de Moçambique, numa extensão de 240 quilómetros.
Trata-se de um projecto (designado Canal Fluvial Shire-Zambeze) vital para a economia do Malawi (e também para Moçambique, os vizinhos Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, bem como para o Burundi e o Ruanda), uma vez que permite a redução significativa dos custos de transporte de mercadoria. Para o Malawi em particular, este projecto é extremamente importante porque o tira da qualidade de ser um país do hinterland. Em Abril de 2007, os governos dos três países (incluindo Moçambique e a Zâmbia) rubricaram um memorando de entendimento visando a realização de um estudo de viabilidade do projecto.
Contudo, desde a assinatura desse memorando de entendimento ainda não houve grandes progressos no trabalho. O jornal malawiano acusa Moçambique de não estar interessado em financiar o projecto, argumentando que o governo tem mostrado algumas reservas em relação ao projecto desde antes da realização do estudo de viabilidade. Este órgão de comunicação cita o antigo Ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, como tendo dito em 2007 após a assinatura do memorando de entendimento sobre o projecto, que Moçambique havia rubricado o documento apenas para ajudar a facilitar mobilizar recursos para a realização do estudo de viabilidade.
“Ele disse que havia a necessidade de saber a sustentabilidade do projecto e considerar os seus aspectos financeiros, geográficos e sociais para vermos se o empreendimento será benéfico para as populações dos países envolvidos no projecto”, escreve o jornal.