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Presidente do Brasil é alvo de vaias e protesto na abertura da Paralimpíada

O recém empossado Presidente do Brasil, Michel Temer, tentou ficar o menos exposto possível na cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio na noite desta quarta-feira no estádio do Maracanã, mas mesmo assim ouviu vaias e gritos de protesto da arquibancada ao anunciar oficialmente aberta a Paralimpíada de 2016.Moçambique é representado pela velocista Edmilsa Governo.

Assim como na abertura da Olimpíada, quando ainda era interino, Temer não foi anunciado no início da cerimónia desta quarta, e só teve o seu nome citado ao ser chamado pelo presidente do Comité Paralímpico Internacional, Philip Craven, para declarar a abertura dos Jogos, na parte final do evento.

A breve declaração de Temer foi feita sob vaias e não pôde ser ouvida por completo, e a imagem do presidente sequer apareceu nos telões do estádio. Logo em seguida um sector da arquibancada gritou “Fora, Temer!”, mas o protesto foi ofuscado pelos fogos de artifício.

Espectadores também vaiaram os discursos de Craven e do presidente do Comité Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, quando ambos fizeram agradecimentos ao governo federal pelo apoio para a organização dos Jogos. O discurso de Nuzman chegou a ser interrompida, em meio a vaias e a aplausos em resposta.

Antes mesmo do início da cerimónia parte do público já havia gritado “Fora, Temer!” nas arquibancadas do Maracanã, e pelo menos um espectador abriu uma faixa com a mesma frase.

O Presidente, no entanto, ainda não havia chegado à tribuna das autoridades de onde assistiu à abertura. Além das vaias e do protesto, Temer foi descrito no guia da cerimónia entregue para os jornalistas como Presidente em exercício, apesar de ter sido empossado no cargo na semana passada. De acordo com o Comité Rio 2016, quando o guia ficou pronto ainda não estava claro quando terminaria o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Cerimónia carioca

Num estádio lotado, a cerimónia de abertura da Paralimpíada começou já de forma arrebatadora, com o norte-americano Aaron Wheelz descendo de cadeira de rodas uma mega rampa de skate com 17 metros de altura, o equivalente a um prédio de seis andares, montada do alto da arquibancada até ao relvado.

Parceiro do skatista brasileiro Bob Burnquist, que participou da construção da rampa no Maracanã, Wheelz nasceu com uma má-formação que impossibilita o movimento das pernas, mas ficou famoso internacionalmente por se arriscar em manobras radicais com a cadeira de rodas.

Fundamentais na vida de milhões de pessoas com deficiência, e equipamento desportivo de atletas paralímpicos de diversas modalidades, as cadeiras de roda fizeram parte de uma homenagem à roda.

Tradição da cultura carioca, uma roda de samba foi montada no centro do gramado com a presença de músicos como Monarco e Maria Rita. Outro ícone do Rio, a praia também invadiu o palco montado sobre o gramado através de uma projecção da areia e do mar, com artistas representando os banhistas e os vendedores ambulantes, com destaque para o mate e o biscoito polvilho, ao som de funk. Houve aplausos para a encenação do pôr do sol na praia do Arpoador.

O hino nacional foi executado pelo maestro João Carlos Martins, que tem movimentos limitados nas mãos em decorrência de problemas neurológicos.

A entrada dos milhares de atletas que vão participar da Paralimpíada foi acompanhada pela montagem de um quebra-cabeça com imagens de todos os competidores dos Jogos, que no final formou um coração. A obra foi idealizada por Vik Muniz, diretor criativo da cerimônia e conhecido pela linguagem de mosaicos.

A delegação brasileira, última a entrar no campo, foi liderada pela porta-bandeiras Shirlene Coelho, campeã paralímpica em 2012 do arremesso de dardo, que competirá no Rio nas provas de arremesso de peso, de disco e de dardo.

Num determinado momento da festa todas as luzes do Maracanã apagaram-se para simular um blecaute e surgiram feixes de luz para orientar as pessoas, reproduzindo o movimento dos deficientes visuais com as suas guias ao caminhar diariamente.

Houve emoção também quando a bailarina norte-americana com deficiência física Amy Purdy fez um dueto de dança com um robô industrial ao som de “Borandá”, de Edu Lobo, tocada por Sergio Mendes.

Amy, que é atleta paralímpica de snowboard nos Jogos de Inverno, dançou com as próteses metálicas à mostra, numa demonstração da sincronia entre homem e tecnologia.

A cerimónia foi encerrada sob chuva, com a entrada da chama paralímpica, sendo conduzida pelo ex-corredor paralímpico António Delfino. Segunda condutora dentro do estádio e caminhando com a ajuda de uma muleta, a ex-atleta Márcia Malsar levou um tombo e deixou a tocha cair, mas se levantou para continuar seu trajeto, sob ovação do público.

A tocha ainda passou pelas mãos de Ádria Rocha até ser entregue ao nadador multicampeão Clodoaldo Silva, que foi o escolhido para acender a pira. Assim como na Olimpíada, o fogo da pira será levado para uma outra pira que foi montada na revitalizada região portuária do Rio, uma vez que o Maracanã não é o principal estádio esportivo dos Jogos.

A moçambicana Edmilsa Governo vai competir na Paraolimpíada nos 100 metros rasos, categoria T12, já nesta quinta-feira(09), e também nos 400 metros da mesma especialidade.

A Paralimpíada do Rio acontece até o dia 18 de setembro.

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