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Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, morreu esta terça-feira em Caracas, após uma batalha de quase dois anos contra o cancro, um desfecho que choca o país e abre as portas para eleições que colocarão à prova a sobrevivência da sua revolução. O chanceler Elías Jaua informou que eleições serão convocadas em 30 dias e que o vice-presidente, Nicolás Maduro, ocupará a Presidência temporariamente.

A morte do líder socialista de 58 anos, que governou o país por 14 anos, aconteceu apenas duas semanas depois de ter voltado a Caracas após uma longa internação em Cuba, onde foi operado quatro vezes.

Chávez teve diagnosticado um tumor na região pélvica em 2011, o que marcou o início de um processo que deixou o país na expectativa.

O anúncio que encerrou uma era na Venezuela coube ao vice-presidente Nicolás Maduro, escolhido por Chávez como o seu herdeiro político, pouco depois de uma reunião entre a cúpula política e militar. “Recebemos a informação mais dura e trágica que podemos transmitir. Às 4h25 da tarde de hoje, 5 de março, morreu o presidente Hugo Chávez Frías”, disse Maduro, com a voz embargada e lágrimas nos olhos, no Hospital Militar de Caracas. “Os que morrem pela vida, não podem ser chamados de mortos e a partir deste momento proibi chorar por ele”, disse Maduro antes de terminar sua declaração.

A notícia estremeceu os venezuelanos e o impacto ressoou em toda a América Latina, desde a Cidade do México a Buenos Aires, onde alguns governantes declararam vários dias de luto nacional e anunciaram que viajarão a Caracas para participar do funeral.

Jaua disse que a cerimónia fúnebre, com a presença dos chefes de Estado da região, acontecerá na sexta-feira e que o local de sepultamento ainda não foi definido. O governo venezuelano decretou sete dias de luto e suspendeu as aulas em todos os níveis durante o resto da semana, enquanto reiterava os chamados para a paz e a tranquilidade.

“Que ninguém tente nos convencer que Chávez não está… estará nos acompanhando sempre”, disse o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. “Acabam nossas lágrimas de tanto chorar, mas quem está aqui tem de ir para a rua lavar as lágrimas do povo”, disse ele.

Nas ruas de Caracas, muitas pessoas manifestavam a sua dor, enquanto opositores perguntavam por meio de cartazes quem governará o país.

Chávez, um ex-tenente coronel paraquedista que irrompeu na história venezuelana como líder de um falido golpe de Estado em 1992, exacerbou divisões em seu país e na região. Adorado por milhões de pobres a quem concedeu pela primeira vez os “petrodólares” venezuelanos, era odiado pelos críticos que questionavam as frequentes nacionalizações e sua concentração de poder. Mas o anúncio de sua morte causou profundo pesar entre os moradores de Caracas. “Eu estava esperando, dizia que não ia se recuperar, o admirava, era um homem excelente”, afirmou Aleida Rodriguez, uma dona de casa de 50 anos que soluçava no meio da rua.

O trânsito na normalmente caótica capital entrou em colapso de imediato e havia problemas para se comunicar por telefone. Várias lojas e fábricas da capital fecharam mais cedo por temores de que houvesse violência nas ruas.

Maduro disse que a polícia será mobilizada em todo o país, enquanto as Forças Armadas ofereceram o seu apoio por meio de um discurso do ministro da Defesa, Diego Molero, que foi transmitido por rádio e televisão.

A estatal petrolífera PDVSA garantiu o abastecimento de combustível em todo o país e pediu para que a população evitasse comprar o produto por impulso. Chávez morreu poucos meses depois de ter conquistado o quarto mandato consecutivo.

O cancro o impediu de assumir seu cargo e estender por quase duas décadas o modelo socialista que instaurou baseado na enorme receita petrolífera local. “Não tenho palavras. Eternamento, OBRIGADO! Força! Devemos seguir seu exemplo. Devemos seguir construindo PÁTRIA! Até sempre meu paizinho!”, escreveu a sua filha María Gabriela na sua conta no Twitter. Também foi líder de um grupo de presidentes esquerdistas, entre eles Rafael Correa, do Equador; Evo Morales, da Bolívia; e Daniel Ortega, de Nicarágua.

TRANSIÇÃO

As eleições antecipadas poderão ser uma inédita prova para o movimento criado por Chávez na polarizada atmosfera política do país. Também será um desafio para o vice-presidente Maduro, que fez um chamado para a união das heterogéneas correntes dominantes, que vão desde militares até a esquerda radical, todas alinhadas pela figura de Chávez.

A morte de Chávez coloca a nação de 29 milhões de habitantes novamente na encruzilhada, como nas eleições de outubro -entre continuar com a sua revolução socialista ou moderar a marcha. Mas desta vez sem o homem forte dos últimos anos.

Maduro, ex-motorista de autocarros e sindicalista de 50 anos, terá a responsabilidade de liderar a transição da heterogénea força chavista e garantir sua sobrevivência para tornar realidade o desejo de seu padrinho político.

Na sua última mensagem antes de ir a Havana, Chávez disse: “A minha opinião firme, plena como a lua cheia, irrevogável absoluta, total, é que nesse cenário … os senhores escolham Nicolás Maduro como presidente.” E Maduro, provavelmente, deverá enfrentar Henrique Capriles, a figura que luta por manter unidas as diferentes correntes de oposição no país.

O jovem governador expressou a sua condolência à família do carismático líder e pediu união. “Em momentos difíceis devemos demonstrar nosso profundo amor e respeito à nossa Venezuela! Unidade da família venezuelana!”, escreveu na rede social Twitter.

Nas eleições de outubro, Capriles, representante de quase 30 partidos de oposição, conseguiu 6,5 milhões de votos, frente aos 8,5 milhões de Chávez.

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