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Presidente da Itália testemunha em grande julgamento sobre a máfia

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, prestou um depoimento sem precedentes, esta terça-feira (28), como testemunha num grande julgamento que acusa o Estado de realizar conversas secretas com a máfia siciliana nos anos 1990.

Os promotores de Palermo procuram elucidar um obscuro período no qual a máfia enfrentou o Estado com assassinatos e bombas. Para isso, colocou no banco de testemunhas, pela primeira vez na história do país, um chefe de Estado ainda no cargo.

Entre os 10 réus também estão Nicola Mancino, que era ministro do Interior à época, e Salvatore Riina, que já foi um dos mafiosos mais poderosos da Itália. Napolitano, de 89 anos, não é acusado de nenhum crime e foi chamado como testemunha que poderia ter conhecimento de factos úteis ao julgamento.

Mas a audiência pode manchar a imagem de um presidente que fez muito para guiar a Itália durante os últimos anos de turbulências políticas e económicas. No passado, a maioria dos presidentes italianos fora pouco mais do que figura decorativa e autores de discursos patrióticos, mas Napolitano já ajudou a romper impasses políticos e a articular medidas no meio da crise económica.

Os promotores alegam que os políticos e a polícia, na esperança de conter a violência no país, realizaram conversas com chefes da máfia depois do assassinato do magistrado anti-máfia Giovanni Falcone junto com a sua esposa e três guarda-costas, num atentado a bomba numa rodovia em 1992.

A disposição do Estado para engajar-se em conversas depois do assassinato de Falcone teria encorajado mais atentados, dizem os promotores, incluindo uma que matou outro juiz anti-máfia, Paolo Borsellino, dois meses depois de Falcone.

À época do atentado, Napolitano era presidente da Câmara dos Deputados da Itália. Ele tornou-se presidente do país em 2006. Os promotores querem perguntar ao chefe de Estado sobre uma carta de 2012 endereçada a ele feita pelo seu conselheiro legal Loris D’Ambrosio, que implicava que Napolitano sabia sobre as conversas.

A presença da imprensa não foi permitida na audiência, levando a protestos de jornalistas italianos, e os presentes não tiveram permissão para gravar o depoimento. Cerca de 40 pessoas – incluindo promotores, juízes e advogados de defesa – foram à audiência num grande salão do palácio presidencial Quirinale, do século 16, no centro de Roma.

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