Os preços de alimentos no mundo devem continuar a cair depois da queda vista em Setembro por causa da maior oferta de grãos e da redução da demanda, disse a ONU, Quinta-feira, atenuando as preocupações inflacionárias.
Mas a incerteza económica e as limitações nos estoques de cereais devem gerar volatilidade nos preços, disse Abdolreza Abbassian, economista-sénior e analista de grãos na FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura), à Reuters Insider TV.
“É provável que os preços continuem baixos durante algum tempo,” disse Abbassian em entrevista, depois de a FAO anunciar uma queda de 2 por cento em Setembro no seu índice global dos preços alimentícios, reflectindo a melhora na previsão para as safras de cereais.
“Acho que a volatilidade continuará connosco, infelizmente … devemos nos preparar por um período conturbado,” acrescentou Abbassian. Os preços globais de alimentos atingiram níveis recordes em fevereiro, e estão entre os fatores que motivaram os protestos da chamada Primavera Árabe.
O Índice de Preços de Alimentos da FAO, que mede as variações mensais de uma cesta composta por cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar, ficou em 225 pontos em setembro, 4,5 pontos abaixo de agosto, devido à queda nos preços dos grãos, do açúcar e dos óleos comestíveis. O índice havia chegado a 238 pontos em fevereiro, quando havia temores de que se repetisse a crise alimentar de 2008.
A actual redução no índice reflete as preocupações de que a crise econômica mundial poderá reduzir a demanda, o que já provocou um movimento de venda nos mercados internacionais de grãos em setembro.
Além disso, a FAO elevou recentemente a sua previsão para a produção mundial de cereais em 2011, estimando 3 milhões de toneladas a mais, para um total de 2,31 bilhões de toneladas. A recuperação das lavouras de trigo da Europa e da Ásia motivou essa revisão.
A FAO disse que as condições para o plantio de trigo são favoráveis no Hemisfério Norte, exceto nos EUA, e que os preços atraentes devem motivar os produtores a manterem ou ampliarem as áreas cultivadas. Há boas perspectivas também para a produção de arroz, milho e cevada.