A directora-geral do FMI, Christine Lagarde, afirmou que as políticas como a taxação das emissões de carbono nos transportes aéreos e marítimos e a comercialização de créditos de carbono são cruciais para evitar um agravamento das crises económica, ambiental e social.
Lagarde vai representar o Fundo Monetário Internacional na cúpula de desenvolvimento sustentável Rio+20 este mês, onde fará um apelo por uma estratégia global de estabilidade económica que leve a um crescimento “verde” e “inclusivo”.
Falando no Centro para o Desenvolvimento Global, em Washington, Terça-feira, a francesa afirmou que o FMI terá papel activo no apoio técnico aos países que desejem criar impostos sobre o carbono e instrumentos semelhantes para precificar a poluição.
“Acertar os preços significa usar a política fiscal para garantir que o dano que causamos é também reflectido nos preços que pagamos”, disse Lagarde. “Estou a pensar nos impostos ambientais e sistemas de comércio de emissões, pelos quais os governos emitam, e preferencialmente vendam, direitos de poluição. É basicamente uma variação do velho ditado: ‘se quebrares, compras’.”
Ao lançar um novo guia sobre o uso de políticas fiscais para o combate à mudança climática, Lagarde afirmou que, em épocas de dificuldades orçamentais, os impostos de carbono e os dividendos dos leilões de emissões podem ser um bem-vindo reforço económico.
Em negociações climáticas do mês passado na ONU, as grandes economias industrializadas, como EUA, Japão e Europa, foram criticadas por nações mais pobres e ONGs por não especificarem de onde virá o dinheiro prometido para a ajuda climática prometida para a partir do próximo ano.
Lagarde citou como possível fonte dessa verba os polémicos planos para taxar a indústria aérea e naval.
“As cobranças nas emissões marítimas e da aviação internacional gerariam cerca de um quarto dos 100 bilhões de dólares necessários para a adaptação e mitigação climática nos países desenvolvidos, recursos que os países desenvolvidos comprometeram-se a mobilizar até 2020”, afirmou ela.
Lagarde acrescentou que a taxa de 25 dólares por tonelada de CO2 emitido, equivalente a um aumento de 0,058 dólar por litro de gasolina, poderia gerar mais de 1 trilhão de dólares ao longo de uma década.
A dirigente afirmou ainda que menos de 10 por cento das actuais emissões mundiais de gases do efeito estufa estão actualmente cobertas por programas formais de precificação.