A prática de nomadismo está a contribuir para a redução dos efectivos escolares ao nível do Distrito de Muanza, na Província de Sofala, segundo um relatório dos Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) local.
O documento em referência aponta que de um total de 7.980 alunos que os SDEJT haviam planificado matricular no ano passado, apenas conseguiu inscrever 6.169, correspondendo ao cumprimento de 77 por cento do plano. Em 2008, o Distrito de Muanza conseguiu matricular 6.345, número superior ao realizado em 2009.
Ao nível do distrito de Muanza funcionam 34 escolas que leccionam os níveis primário do primeiro e segundo graus e secundário básico. Segundo relatos de residentes locais, a prática de nomadismo em Muanza é mais um problema cultural e hereditário que predomina em certas famílias que habitam alguns pontos do distrito. Anualmente, como de hábito e costume, estas famílias tem abandonado os locais da sua fixação deslocandose para os novos pontos a procura de terras férteis onde possam praticar a Agricultura, Caça e Pesca.
Normalmente, maior parte das famílias que tem se deslocado constantemente a procura de melhores terras para o desenvolvimento das suas actividades de subsistência, não constroem casas para a sua habitação, vivem em barracas simples, dada a consciência que tem de que não vão levar muito tempo no mesmo local. E quando abandonam uma determinada zona levam consigo as crianças, mesmo em pleno período escolar, originan o abandono aos estudos.
Esta prática tem sido interpretada como uma manifesta forma de perpetuar a desgraça da família. Hoje em dia, uma criança que não tenha estudos tem o seu futuro comprometido, ou seja, dificilmente poderá encontrar alternativas para melhorar o nível de vida próprio e dos restantes membros da família. Em Muanza, os líderes comunitários são acusados pelas autoridades da Educação como sendo desleixados perante essa situação. Consta que eles pouco fazem para retrair a prática de nomadismo naquela região, o que permitiria as crianças beneficiar do seu direito básico de educação.
O sector da Educação em Muanza considera ainda que o fenómeno de nomadismo está a contribuir para existência de maior taxa de analfabetismo no distrito. A taxa de analfabetismo em Muanza é de 51 por cento, ou seja, mais de metade dos seus habitantes é analfabeta.
O Distrito de Muanza possui uma taxa de analfabetismo mais alta que a média provincial e nacional, que é de 43.3 e 50.4 por cento respectivamente. Muanza apesar de ser um dos distritos mais extensos da Província de Sofala e o menos habitado.
Dados do último censo populacional e habitacional indicam que o Distrito de Muanza com uma área calculada em 5.731 quilómetros quadrados é habitado por 14.872 pessoas, correspondendo a uma densidade populacional de aproximadamente 2.6 habitantes por quilómetro quadrado.
A Agricultura e a actividade dominante no distrito e envolve a maioria das famílias locais. As principais culturas alimentares do sector familiar em Muanza são: Mandioca, Milho, Mapira, Arroz, Mexoeira, Batata- Doce e Amendoim. O Milho e o mais cultivado seguido da Mandioca, Mapira, Mexoeira e Arroz.
Não há muito investimento externo na Agricultura e, as famílias usam métodos naturais e orgânicos (adubação orgânica) para aumentar a fertilidade dos solos. Devido a sua densidade populacional relativamente baixa, o distrito tem o privilégio de possuir excedentes consideráveis de terra. A área cultivada pelo sector familiar e de cinco mil hectares que corresponde a apenas 0.7 por cento do total da área do distrito.