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Crises mundiais: necessário plano de contingência na SADC

Os países da Comunidade para Desenvolvimento da África Austral (SADC), devem ter planos de contingência para fazer face a choques e crises externas que, eventualmente, poderão afectar as suas economias. Esta é uma posição defendida na segunda-feira, em Maputo, pelo Secretário Executivo da SADC, o moçambicano Tomáz Salomão, durante um simpósio internacional sobre a crise financeira internacional, organizado pelo Banco de Moçambique, por ocasião da celebração do seu 35 aniversário.

Tomáz Salomão considera que África no geral, e os países da SADC em particular, emerge intacta, embora com mazelas da crise financeira internacional que se tornou mais profunda em 2009. Esta crise retraiu o crescimento económico que, não obstante a situação, se manteve positivo na maior parte dos Estados membros da SADC.

“Esta crise afectou mais os países cuja estrutura da economia depende dos sectores mineiro, de turismo da industria têxtil, neste caso, Angola, África do Sul, Botswana, Lesotho, Maurícias, Namíbia, Republica Democrática do Congo e Zâmbia” disse. De referir que antes do “caos” decorrente da crise financeira internacional, o mundo viveu outros dois choques, nomeadamente, a subida dos preços dos produtos alimentares e dos preços dos combustíveis, dos quais, Tomáz Salomão considera que as economias africanas, saíram intactas.

Segundo o interlocutor, esta situação é resultado da implementação de políticas fiscais de expansão e flexibilização das políticas monetárias restritivas para acomodar a expansão da despesa pública e do crédito a economia, o que assumiu a forma de pacote de estímulo destinados a proteger os trabalhadores afectados pelas medidas de redimensionamento e a prestação de apoio a empresas afectadas pela crise. “A maioria dos Estados membros implementou políticas destinadas a racionalizar os orçamentos nacionais mediante o corte de despesas não essenciais tais como viagens, prorrogaram os períodos de isenção fiscal para algumas empresas cruciais ou adiaram a cobrança de determinados impostos. Vários Estados continuaram reformas destinadas a melhorar o ambiente de negócios” disse.

Para Tomáz Salomão, os Estados membros da SADC devem continuar a adoptar medidas para fazer face a choque e crises internacionais. Algumas das medidas avançadas pelo Secretario Executivo da SADC incluem a acumulação de alguma poupança para ser utilizada em períodos de choque e de crises. “Os Estados membros da SADC que tinham acumulado excedentes e reservas financeiras externas foram capazes de introduzir pacotes de estímulos em tempo oportuno o que permitiu fazer face a crise financeira internacional, bem como a choques externos relacionados ao aumento dos preços dos combustíveis e da crise de alimentos” explicou. Para o interlocutor, a política macroeconómica mantém-se um alicerce sólido e necessário para as economias fazerem face a impacto de choque s e crises.

Tomáz Salomão sustentou este posicionamento afirmando que as reformas e a gestão macroeconómica prudente que caracterizaram as políticas implementadas nos últimos dez anos ajudaram as economias da região a fazer face ao impacto da crise. A crise financeira internacional provocou um desempenho não satisfatório da economia da região da SADC. Em 2009, a região registou um crescimento na ordem de 2.7 por cento em 2009, o que representa uma queda em relação à taxa registada em 2008, que foi de 4.8 por cento. Por outro lado, houve queda da procura dos produtos de base, conjugada com o adiamento na execução do investimento directo estrangeiro.

“Com a queda da procura e dos preços dos produtos de base, resultando na deterioração das balanças externas, combinada com a redução nas remessas externas, as receitas dos Estados baixaram na maior parte dos Estados membros, o que baixou o ritmo do crescimento económico” disse. Salomão acrescentou que, os níveis de despesa foram mantidos e, em alguns casos até aumentaram para cobrir o financiamento de programas cruciais destinados a aliviar o impacto da crise económica mundial.

“O défice fiscal da região aumentou para 5.5 por cento em 2009 comparativamente a dois por cento em 2008. Este défice foi coberto principalmente por empréstimos tanto nos mercados internos, como nos externos” detalhou. O simpósio internacional do Banco de Moçambique pretendia analisar a crise financeira internacional, desde a sua caracterização, lições a tirar e caminhos a seguir.

O encontro de um dia cintou com a participação de Governadores dos Bancos Centrais da SADC, bem como com a presença do Presidente da Autoridade Monetária e Cambial do Macau, Vice-administrador do Banco Central do Brasil e vice-governador do Banco Central de Portugal, para além de representantes do Fundo Monetário Internacional, do Governo moçambicano, empresários, entre outros.

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