Portugal está interessado em apoiar a formação de professores de algumas universidades privadas moçambicanas, país africano de expressão portuguesa. O facto foi anunciado pelo padre Adérito Barbosa, docente da Faculdade da Educação e Psicologia da Universidade Católica de Portugal, na sua recente visita à província de Nampula. Segundo a fonte, a formação possibilitará não apenas a obtenção dos títulos de doutoramento aos professores universitários, como também lhes permitirá a aquisição de capacidade de investigação sobre várias questões do país e do continente africano, em geral.
O padre Barbosa defende que África possui muitas tradições e valores culturais que devem ser comentados e preservados para as gerações vindouras, que apenas carecem de uma profunda investigação cientifica. Eu penso que muitas coisas que hoje são reportadas oralmente acabarão por desaparecer porque nunca foram escritas ou investigadas.
E quando não se consegue fazer investigação, a história do povo desaparece. Frisou a fonte. E explicou que, no âmbito deste projecto, uma delegação chefiada pelo director da Faculdade de Educação e Psicologia daquele país europeu visitou, no ano passado, alguns estabelecimentos de ensino superior, tendo, na altura, sido informada da deficiente formação académica e cientifica dos respectivos professores. Esta questão preocupou, sobremaneira, os dirigentes daquela universidade portuguesa que, de imediato, tratou de esboçar um programa de formação, que se encontra, neste momento, em fase de mobilização dos respectivos fundos.
Aderito Barbosa, que, igualmente, exerce a presidência da Associação dos Leigos Voluntários Dehonianos, disse que trinta jovens divididos em três grupos de trabalho, provenientes da Ilha da Madeira, Portugal, integrando professores, enfermeiros, médicos, deslocaramse, sucessivamente, ao distrito de Gurue, província central da Zambézia, a fim de apoiar o pessoal de saúde e de educação na melhoria de prestação de serviços. Como em Portugal a matemática e o português são disciplinas muitos difíceis para os alunos, presumimos que a situação seja igual em Moçambique.
Referiu a nossa fonte, acrescentando que outros 15 leigos encontramse, igualmente, em Luau, província de Moxico, a cerca 1.300 de Luanda, capital da República de Angola. O grupo em alusão está, igualmente, a dinamizar o processo de construção da primeira biblioteca da região com capacidade de para 200 mil livros diversos.
NÃO HÁ ENSINO SEM EDUCAÇÃO
Num seminário realizado na Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique, subordinado ao tema “Educação, coisas e valores do nosso tempo”, o padre Barbosa defendeu a integração do sistema de ensino no sistema educativo, como forma de salvaguardar a dignidade humana. Guiando-se pelos princípios universais dos Direitos Humanos, Organização das Nações Unidas (UNESCO) e de obras de alguns estudiosos americanos, franceses e portugueses, o orador chamou atenção da sociedade para se preocupar pela sobrevivência da pessoa humana.
É fundamental que a pessoa tenha acesso à saúde, educação, habitação e alimentação. Porque se ela não conseguir aceder aquilo que é, de facto, prioritário e fundamental, não terá condições para viver com dignidade humana. Sublinhou o padre Adérito Barbosa, observando, particularmente, aos. profissionais de educação presentes no encontro, que não basta ministrar aulas, pois que é importante, também, auscultar as preocupações básicas dos seus educandos.
Referiu, ainda, que numa sociedade de alto sentido cientifico e tecnológico em que nos encontramos é necessário não descurar a humanização da pessoa, uma vez que as máquinas, por mais coisas que façam, elas nunca terão a capacidade humana.