As operações no Porto de Nacala aumentaram no primeiro semestre do presente ano, apesar de o mundo estar a atravessar, presentemente, uma gritante crise financeira, a qual deixa à beira de falência reconhecidas empresas e cria instabilidade social nalguns países do planeta.
O Porto de Nacala, o terceiro mais importante do país e o mais fundo da costa oriental africana, registou ganhos no último semestre, com o incremento das suas operações.
Segundo o seu director executivo, Agostinho Langa Júnior, o volume das exportações e importações aumentaram consideravelmente, tendo as cifras se situado muito acima das registadas em igual período do ano passado.
Por exemplo, de acordo com a fonte, as operações na carga geral aumentaram em 18 por cento, o que significa terem sido manuseadas 580 mil toneladas contra 479 mil.
Em relação à carga contentorizada, Langa explicou que o crescimento foi “surpreendente”, situando-o em 80 por cento, o que quer dizer que dos 28.400 contentores do ano passado, neste conseguiram-se 48.500 unidades.
Facto curioso é o de 60 por cento dos contentores manuseados (29.100) pertencerem à única linha de navegação, a CMA/CGM, uma das tantas que operam naquele empreendimento portuário.
Quanto ao número de navios que atracaram no Porto de Nacala, o director executivo precisou não se ter registado grande desnível, tendo sido de 132 contra 130 registados no período em alusão.
As exportações através do Porto de Nacala continuam a depender de produtos agrícolas, nomeadamente a ervilha, o gergelim, o algodão, a castanha de caju e o açúcar e tabaco malawianos.
Nas importações destaca-se os bens de primeira necessidade, essencialmente arroz e milho, material de construção e clinker, componente para o fabrico de cimento cuja importação aproxima-se a 25 mil toneladas mensais.
Estes números são dados importantes que justificam o crescimento das operações portuárias e os respectivos níveis de receitas, apesar da crise financeira internacional, vincou Langa.
Operações do Malawi em queda
De principal utilizador internacional do sistema ferro- portuário de Nacala, hoje o Malawi vê reduzidas, drasticamente, as suas operações neste empreendimento integrado no Corredor de Desenvolvimento de Nacala (CDN).
De acordo com Agostinho Langa, as exportações de Blantyre, através deste sistema, quedaram-se para 15 por cento, depois de, anos atrás, terem atingido a cifra de 40 por cento.
O facto, segundo a fonte, deve-se aos problemas de gestão na ferrovia e à crise económica que o Malawi atravessa presentemente, agravada pelo suposto desfasamento político naquele país do hinterland.
Os problemas económicos do Malawi fazem com que o país se ressinta da falta de combustíveis, que afecta a circulação de comboios.
O peso da Matanuska
A Matanuska, uma multinacional que está a fomentar a produção de banana no distrito de Monapo e a sua posterior exportação, passou a ser o novo cliente prestigiado do Porto de Nacala.
Langa considera a empresa como “um cliente que deve ser acarinhado”, devido ao volume de mercadoria que faz passar pelo porto, contribuindo para o aumento das receitas portuárias.
A empresa já chegou a exportar 50 contentores por semana, número que foi decrescendo em razão do clima considerado, pelos fomentadores, como inadequado para produção em grande escala.
Contudo, estima-se que nos próximos três meses reinicie a produção de bananas e se exporte entre 60 e 70 contentores semanais desta fruta.