A polícia turca usou gás lacrimogéneo e canhões de água, esta Sexta-feira (31), contra manifestantes que ocupavam um parque no centro de Istambul, ferindo dezenas de pessoas na mais recente repressão violenta a manifestações contra o governo.
O protesto no Parque Gezi começou na noite da Segunda-feira depois de os construtores cortarem árvores, mas ampliou-se para uma manifestação maior contra o partido islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP), do primeiro-ministro Tayyip Erdogan (AKP).
A tropa de choque já havia entrado em confronto com dezenas de milhares de manifestantes no 1º de Maio, em Istambul. Também tem ocorrido protestos contra a posição do governo sobre o conflito na vizinha Síria, um agravamento recente das restrições à venda de bebidas alcoólicas e as advertências contra demonstrações públicas de afecto.
A polícia organizou uma incursão na madrugada contra os manifestantes que acampavam por dias o Parque Gezi, em revolta contra os planos para a construção de um shopping center, e nuvens de gás lacrimogéneo subiram ao redor da área na Praça Taksim, que tem sido um local de encontro para protestos políticos.
A Câmara Médica de Istambul, uma associação de médicos, disse que pelo menos 100 pessoas sofreram ferimentos leves, Sexta-feira, alguns deles quando um muro que subiam desabou enquanto eles tentavam fugir das nuvens de gás lacrimogéneo.
A Amnistia Internacional disse estar preocupada com o que descreveu como “o uso excessivo da força” por parte da polícia contra o que começou como um protesto pacífico.
Erdogan está a frente de uma transformação na Turquia durante a sua década no poder, tornando a economia do país de propensa a crises para a de mais rápido crescimento na Europa. A renda per capita triplicou em termos nominais desde que o seu partido chegou ao poder.
Ele permanece, com folga, como o político turco mais popular e é visto por muitos como o líder mais poderoso desde Mustafa Kemal Ataturk, que fundou a moderna república secular sobre as cinzas do Império Otomano, 90 anos atrás.
A agitação está longe de ser o tipo de manifestação de massa visto noutras partes do Oriente Médio, ou até mesmo partes da Europa nos últimos anos, mas reflecte uma preocupação crescente da oposição com o autoritarismo de Erdogan.