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Poeta sírio conta num evento o custo de opor-se à família Assad

A filha do poeta sírio Faraj Bayrakdar tinha apenas três anos quando ele foi preso por seu activismo político, em 1987. Quando ele foi libertado por uma amnistia presidencial, a menina já estava na faculdade.

Enquanto a comunidade internacional continua às voltas com a escalada da violência na Síria, que um dirigente da ONU qualificou de guerra civil, Bayrakdar detalhou o custo pessoal de opor-se ao regime da família Assad, em conferência no principal festival literário da Grã-Bretanha, na localidade galesa de Hay-on-Wye.

“Essa foi a maior dor que eu já experimentei”, disse Bayrakdar no fim-de-semana. Foi também a razão pela qual ele, com relutância, optou por exilar-se na Suécia.

Ele disse que a sua experiência com o governo sírio, actualmente comandado por Bashar al-Assad, que sucedeu em 2000 o seu pai, Hafez, deixou-lhe muito preocupado quando a actual rebelião começou.

“Não me surpreendi por ver que o regime sírio era tão cruel e disparava contra pessoas. Mas fiquei realmente surpreso por a população aderir do início ao fim.”

Segundo ele, o povo sírio é “grato” pelo apoio dos governos europeus. “Mas acho que a Europa poderia fazer mais … para apoiar a sociedade civil, para apoiar o povo sírio.”

Bayrakdar, nascido em 1951 na cidade de Homs, passou sete anos preso sem acusação formal a partir de 1987, sob a suspeita de ser membro de um partido comunista.

Em 1993, foi sentenciado a 15 anos de cadeia. No cárcere, escreveu poesias que eram contrabandeadas para fora do país. Em Hay, ele leu um poema chamado “Espelhos da Ausência”, escrito entre 1997 e 2000 numa prisão próxima a Damasco.

Ele disse que, na Síria, os parentes dos presos são relutantes em falar sobre a prisão. Em vez disso, a sua mãe dizia simplesmente que ele estava “ausente”, e todos entendiam o que ela queria dizer.

Bayrakdar foi libertado em 2000, e em 2003 se mudou para Leiden (Holanda), onde leccionou árabe, antes de voltar à Síria.

Em 2005, aceitou um convite para passar uma temporada como escritor convidado em Estocolmo, onde ainda vive.

Na época, ele tinha um filho de dois anos e temia ser preso por assinar uma declaração a pedir a normalização das relações entre a Síria e o vizinho Líbano, e por isso preferiu ficar na Suécia.

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