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Plantas medicinais exploradas ilegalmente em Moçambique

O ministro da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue, admitiu, Quarta-feira, em Maputo, que grandes lotes de remédios e plantas medicinais têm sido explorados ilegalmente em Moçambique, sem trazer nenhum benefício nem para o país muito menos às comunidades.

Falando na abertura da conferência internacional de Etnobotânica, Massingue disse que a procura mundial de plantas medicinais está a aumentar os mercados de fitoterapêuticos internacionais e o país não deve ficar a margem do fenómeno.

“Esperamos que, com esta conferência, o nosso País saia reforçado na sua capacidade de contribuir de forma científica, prática e criativa para o conhecimento da diversidade florística nativa e o conhecimento botânico tradicional a ela associada”, disse o governante.

Massinga disse, por outro lado, esperar que a conferência sirva para reforçar a capacidade identificar inovações, alternativas e soluções para os problemas ambientais, sociais e económicos, visando mudar o comportamento na relação homem-planta.

Na sua intervenção, a Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, disse que a riqueza florística, bem aproveitada, pode ser um pilar de geração da riqueza às comunidades e para o país, assim como constituir uma das alternativas ao desemprego, fome e pobreza no geral.

Discursando na sua qualidade de patrona do evento, Maria da Luz Guebuza incentivou os investigadores moçambicanos, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Conselho Científico de Etnobotânica a prosseguirem o aprofundamento do conhecimento da riqueza da componente florística do país.

A esposa de o Presidente da República disse ser responsabilidade moral das sociedades preservar a biodiversidade do planeta, mas tal só se pode assumir em pleno, quando se detém o real conhecimento do valor da riqueza da biodiversidade.

A semelhança das línguas e outros aspectos ligados a cultura do povo, as plantas nativas em Moçambique passaram por uma situação de desprezo promovida pelo regime colonial português.

Mesmo depois da independência nacional, este desprezo prevaleceu por muito tempo, apesar de as plantas medicinais serem a principal fonte de cuidados médicos para a maioria da população moçambicana.

Entretanto, a importância da Etnobotânica ganha um novo ímpeto com a criação, pelo Governo, do Conselho Científico Temático de Etnobotânica e do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Etnobotânica (CIDE) em 2009, com o objectivo de maximizar o potencial desta área.

Na sua intervenção durante a conferência, o Representante interino da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique, Abdou Moha, anotou que os países da região africana estão a fazer progressos no cultivo e conservação das plantas medicinais.

Pelo menos 13 países adoptaram políticas nacionais de conservação de plantas medicinais e as orientações da OMS sobre as Boas Práticas Agrícolas e de Colheita, além de 17 países que estão a cultivar plantas medicinais, em diferentes graus.

Entretanto, apesar desses progressos, ainda há vários desafios a superar, incluindo o relacionado com a depauperação de plantas medicinais raras devido a degradação ambiental, queimadas descontroladas, pastagem, más práticas agrícolas e o abate indiscriminado de árvores.

Além disso, muitos países da região ainda não possuem legislação necessária para uma conservação sustentável das plantas medicinais e mecanismos para a protecção das espécies de plantas medicinais ameaçadas.

“Para atenuar estes desafios e consolidar as conquistas já obtidas, é preciso formular e implementar políticas nacionais abrangentes para a conservação das plantas medicinais. Recomenda-se o cultivo de plantas medicinais, incluindo o desenvolvimento de jardins botânicos, criação de base de dados abrangentes sobre as plantas medicinais existentes e a protecção das espécies de plantas medicinais em ameaça”, disse Moha.

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