O candidato de direita, Sebastián Piñera, vencia o primeiro turno da eleição presidencial chilena no domingo, com 44% dos votos, contra 30% para o governista Eduardo Frei (esquerda), e os dois disputarão um segundo turno, informaram as autoridades eleitorais após a apuração de 59% das urnas.
O candidato independente de esquerda, Marco Enríquez-Ominami, obtinha 19% dos votos, e o comunista Jorge Arrate, 5%. Piñera dedicou a vitória “à gente humilde, porque são eles os que mais precisam de um governo que se comprometa com as coisas simples, mas profundamente”. O empresário acenou para Enríquez-Ominami, afirmando que “sempre reconheci em Marco uma grande vitalidade, e compartilho com ele a visão de que a Concertación (coalizão governista de centro esquerda) está acabada, sofre de fadiga de material”.
Frei também comemorou a passagem ao segundo turno pedindo o apoio de Enríquez: “esta noite quero convidar todos os que não votaram em mim, aqueles que tiveram dúvidas, que se somem a minha candidatura”. “Por todo o Chile tenho escutado a exigência de renovação e mudança em nossa política, e assumirei esta aspiração cidadã, quero que os cargos sejam ocupados por quem tem méritos e não pelos que têm contactos.
Vou governar com todos e todas, vou representar todo o povo, gente com e sem partido”, disse Frei. Mas Enríquez-Ominami já revelou que não apoiará Piñera ou Frei, e liberou seus eleitores para votar em qualquer candidato no segundo turno. “É impossível abusar da confiança em mim depositada. Não tenho qualquer condição de endossar o voto em outro candidato, não farei isto, em respeito aos mais pobres e aos mais desamparados”. “A velha política está esperando sinais que não vai receber. O Chile deverá escolher entre dois projectos que são mais do passado do que do futuro (…). Frei e Piñera se parecem muito”.
Jorge Pizarro, chefe da campanha de Frei, estimou que por suas orientações de centro e esquerda, os eleitores de Enríquez-Ominami e Arrate apoiarão Frei no segundo turno: “ficou provado que 55% dos votos estão com um Chile livre e solidário…”. Andrés Allamand, senador e um dos porta-vozes de Piñera, assinalou que “enquanto o árbitro não apitar o final da partida”, não se pode comemorar, mas estimou que “há uma vantagem extraordinária”. “Vamos seguir trabalhando com força e humildade”.
Os eleitores chilenos votaram com tranquilidade e houve bom índice de participação, apesar do calor em Santiago no domingo. Piñera, Eduardo Frei e Enríquez votaram cedo e sem maiores inconvenientes. O empresário Piñera, cuja fortuna é avaliada em 1,2 bilhão de dólares, chegou à eleição com 44% nas pesquisas. Frei, candidato da presidente socialista, Michelle Bachelet, tinha 31% das intenções de voto. “Todos sabem que vai haver um segundo turno. Então, a eleição de hoje é muito importante, mas, sem dúvida, teremos outra votação para eleger o presidente da República”, disse Bachelet, que termina seu mandato com uma popularidade recorde, de entre 75% e 80%.
Piñera aparece nas pesquisas para o segundo turno com 49% das intenções de voto, contra 32% para Frei. Os chilenos também escolheram hoje 120 deputados da Câmara e 20 dos 38 membros do Senado. O Partido Comunista obteve uma significativa votação e voltou ao Congresso chileno, após 36 anos de ausência. O presidente do PC, Guillermo Teillier, e seus colegas de partido Hugo Gutiérrez e Lautaro Carmona foram eleitos para a Câmara dos Deputados.
A última vez que os comunistas chegaram ao Congresso foi no governo do socialista Salvador Allende, em 1970, derrubado pelo ditador Augusto Pinochet, em 1973.