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Pescadores desafiam Licungo para ganhar dinheiro em Mocuba

Um grupo de pescadores no município de Mocuba, na província da Zambézia, está, desde a destruição da ponte sobre o rio Licungo, a desafiar as correntes de água doce para garantir o transporte de pessoas e bens de uma margem para a outra.

Enquanto as embarcações do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) não cobrem sequer metade da demanda, os viajantes optam por canoas, colocando a vida em risco. A destruição da ponte sobre o rio Licungo trouxe uma oportunidade de negócio para os proprietários de pequenas embarcações.

Um grupo de pescadores ganha a vida transportando pessoas e bens em canoas. Os barcos alocados pelo INGC beneficiam apenas uma camada social que desembolsa valores monetários.

Recebemos vários relatos de passageiros que foram alvo de actos de corrupção para prosseguirem a viagem, protagonizados pelos militares que prestam assistência à população naquele local.

Conversámos com Nunes António, cuja idade não se lembra, natural do distrito de Lugela na província da Zambézia. Ele é um canoísta mo- vido pelo sofrimento que a sua cunhada enfrentou quando as águas do rio Licungo arrastaram as paredes da moradia.

“Vim para aqui quando ouvi dizer que o meu irmão teria sido arrastado pela fúria das águas, com objectivo de socorrer minha cunhada, mas acabei por ver uma oportunidade de emprego temporário na travessia de pessoas e bens”, referiu António.

Na tentativa de prestar socorro à família, aquele indivíduo viu uma oportunidade de amealhar dinheiro para ajudar a sua cunhada que se tornou viúva por causa das enchentes. Nos primeiros dias, após a destruição da ponte, António cobrava 200 meticais por passageiro.

Em média, por dia, ele levava para casa dois mil meticais. “O negócio era rentável no início. Neste momento, as águas baixaram e os passageiros não pagam aquilo que pedimos, mas, mesmo assim, consigo ganhar 800 meticais diários. Parte do valor destina-se às despesas da casa do meu falecido irmão e outra à minha família”, afirmou.

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