A paz mundial deteriorou-se progressivamente ao longo dos últimos sete anos, com guerras, ataques de militantes e crimes a reverterem avanços de seis décadas anteriores de melhoria gradual, segundo um relatório sobre a segurança mundial divulgado, esta quarta-feira.
Os conflitos no Iraque, Síria, Afeganistão, Sudão e República Centro-Africana ajudaram a puxar para baixo o anual Índice Global da Paz, de acordo com uma pesquisa do Instituto para Economia e a Paz (IEP), com sede na Austrália.
Em particular, um número cada vez maior de pessoas morreu em ataques de militantes em todo o Oriente Médio, sul da Ásia e África, enquanto as taxas de homicídio subiram nos centros urbanos em crescimento no mundo emergente.
Também muitas pessoas tornaram-se refugiadas ao escapar de conflitos. Os índices de criminalidade e de conflito nas regiões mais desenvolvidas, especialmente na Europa, caíram de modo geral, segundo o relatório.
A deterioração da segurança no mundo foi a mais significativa em 60 anos, disse o IEP. As estimativas sobre como teria sido o indicador antes do seu lançamento, em 2007, mostravam a paz mundial a melhorar mais ou menos continuamente desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Parece haver uma série de causas”, disse Steve Killelea, fundador e presidente-executivo do IEP, à Reuters. “Tem as repercussões da ‘Primavera Árabe’, a ascensão do terrorismo especialmente depois da invasão do Iraque e as repercussões da crise financeira global.”
O estudo analisa 22 indicadores em 162 países, incluindo os gastos militares, as taxas de homicídios e mortes por conflitos, o terrorismo e a desobediência civil. Ao longo dos últimos sete anos, segundo o IEP, o indicador de paz para todos os países do mundo juntos passou de 1,96 para 2,06, indicando um mundo menos pacífico.
Quando esse valor foi ajustado para levar em conta as diferentes populações em cada país, a deterioração foi ainda mais acentuada, de 1,96 para 2,20. A Síria e o Afeganistão são classificados como os países menos pacíficos do mundo.
Sudão, República Centro-Africana, Ucrânia e Egito a apresentarem algumas das reduções mais acentuadas nos níveis de segurança. A Islândia ficou com a primeira posição, como o país mais pacífico.
Enquanto os Estados Unidos e os países europeus ocidentais estão a cortar em grande parte os gastos com a defesa, China, Rússia e os países ao longo das suas fronteiras, bem como as nações do Oriente Médio, estão a comprar mais armas à medida que a tensão aumenta. Há algumas boas notícias, segundo Killelea.
Em geral, os índices de Direitos Humanos da Amnistia Internacional e do Departamento de Estado dos EUA apresentaram melhora. No entanto, asmortes classificadas como resultado do terrorismo continuam a aumentar em todo o mundo e, particularmente, no Iraque, Afeganistão, Síria, Nigéria, Paquistão e outros.
Como a base da pesquisa inclui dados até Março, o estudo não incorpora a recente onda de violência no Iraque e na Ucrânia. “Não há dúvida de que se esses dados fossem usados agora, o quadro seria ainda pior”, disse Killelea.