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Partido pró-militares vence eleição em Mianmar

O principal partido de sustentação ao regime militar birmanês venceu por ampla margem a eleição do fim de semana no país, segundo resultados divulgados na terça-feira. Partidos pró-democracia disseram que o pleito, o primeiro em 20 anos em Mianmar, foi manipulado para preservar o regime ditatorial.

A oposição admitiu a derrota, mas acusou a junta militar birmanesa de ter cometido fraude, e disse que muitos funcionários públicos foram obrigados a marcar a opção pelo Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD) numa votação antecipada. A votação geral foi no domingo.

Os governos dos EUA e da Grã-Bretanha criticaram o decurso da eleição, enquanto a chancelaria da China saudou o processo “pacífico e bem sucedido”, num sinal do interesse do governo chinês em reforçar os laços com Mianmar, país rico em recursos naturais e energéticos.

Enquanto os votos eram apurados, soldados do governo dispersavam rebeldes da minoria étnica karen, após dois dias de confrontos esporádicos numa cidade na fronteira com a Tailândia, os quais deixaram pelo menos dez mortos e levaram cerca de 17 mil civis a fugirem para o país vizinho.

Na tarde de terça-feira, muitos refugiados já haviam voltado a Mianmar. Os rebeldes dizem que a eleição e a continuidade do regime militar impedem qualquer chance de que os karens obtenham alguma autonomia, como pleiteiam desde a independência, em 1948.

O PUSD, que tem vários generais da reserva entre seus quadros, conquistou cerca de 80 por cento das vagas em disputa no Parlamento, segundo uma fonte partidária. Mas Khin Maung Swe, líder da Força Nacional Democrática, principal partido da oposição, disse à Reuters: “Assumimos a liderança no início (da contagem), mas aí o PUSD apareceu com os chamados votos antecipados (dos funcionários públicos), e isso mudou completamente os resultados, então perdemos”.

Pelo menos seis partidos apresentaram queixas à comissão eleitoral, acusando o PUSD de fraude – algo que não deve dar em nada, num país onde mais de 2.100 ativistas políticos estão presos. Pela Constituição, generais da ativa compõem 25 por cento do Parlamento, o que reforça o domínio dos militares sobre a antiga Birmânia.

Passadas as eleições, o foco agora volta-se para a dissidente e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, cuja prisão domiciliar expira no sábado. Ela passou 15 dos últimos 21 anos detida, e conclamou seus seguidores a boicotarem a eleição de domingo.

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