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Partido japonês LDP volta ao poder, busca maioria com aliado

O conservador Partido Liberal Democrata (LDP), do Japão, voltou ao poder na eleição deste domingo, apenas três anos depois de uma derrota devastadora. A vitória deu ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe uma chance de promover a sua política de segurança linha-dura e receita econômica radical.

Uma vitória do LDP vai levar a um governo comprometido com uma postura dura em uma disputa territorial com a China, uma política energética pró-nuclear, apesar do acidente em Fukushima, no ano passado, e um posicionamento potencialmente arriscado em relação uma política monetária relaxada e com grandes gastos fiscais para vencer a deflação e controlar um iene forte.

Uma projeção da TV Asahi, baseada nos votos contados deu ao LDP pelo menos 291 dos 480 assentos da Câmara dos Deputados, e junto com seu pequeno aliado, o partido New Komeito, uma maioria de dois terços necessários no Senado, onde nenhum partido tem a maioria. Isso ajudará a romper um impasse político que tem atormentado a terceira maior economia do mundo, desde 2007.

“Nós prometemos tirar o Japão da deflação e corrigir um iene forte”, disse Abe ao vivo, na TV. “Precisamos fazer isso. O mesmo vale para a segurança nacional e para a diplomacia.”

O Parlamento deve eleger Abe como primeiro-ministro em 26 de dezembro.

Analistas disseram que embora os mercados já houvessem empurrado o iene para baixo e elevado os preços das ações na expectativa de uma vitória do LDP, as ações poderiam subir e o iene enfraquecer mais ainda numa reação à “super maioria”.

Embora as autoridades do LDP e do New Komeito tenham confirmado que vão formar uma coalizão, o secretário-geral do LDP, Shigeru Ishiba, não descartou a possibilidade de cooperação com o Partido de Restauração Japonesa, um novo partido de direita que deve ficar com 52 assentos. “Acho que há espaço para fazer isso na área de defesa nacional”, disse ele.

O New Komeito é mais moderado do que o LDP em questões de segurança. As projeções mostravam o Partido Democrata do Japão (DPJ), do primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, com, pelo menos, 56 assentos, menos do que um quinto do que conseguiu em 2009. Noda disse que estava deixando o cargo de líder do partido, após a derrota, em que vários pesos pesados do partido perderam seus assentos.

Os democratas chegaram ao poder em 2009, prometendo dar mais atenção aos consumidores e acabar com o “triângulo de ferro” da poderosa burocracia, que empresas e políticos formaram ao longo de mais de meio século de domínio quase ininterrupto do LDP. Muitos eleitores disseram que o DPJ não cumpriu as promessas eleitorais, enquanto se esforçava para governar e lidar com o desastre causado pelo terremoto, tsunami e vazamento nuclear do ano passado, e aprovou um nada popular aumento nos impostos de vendas com a ajuda do LDP.

A aversão dos eleitores pelos dois maiores partidos gerou o surgimento de uma série de novos partidos, incluindo o Partido de Restauração do Japão, fundado pelo popular prefeito de Osaka, Toru Hashimoto. O líder do LDP, Abe, de 58 anos, que se demitiu do cargo de primeiro ministro em 2007, citando problemas de saúde, depois de um conturbado ano no cargo, tem falado duro com a China devido a uma disputa sobre ilhas desabitadas no Mar do Leste da China, embora alguns especialistas e pessoas de dentro do partido digam que ele pode abrandar sua linha dura com pragmatismo, ao assumir o cargo.

“As Ilhas Senkaku são parte inerente do território japonês”, disse Abe, se referindo às ilhas que a China chama de Diayu. “Quero mostrar a minha firme determinação de evitar que isso mude.” Mas ele também disse que não tem intenção de agravar as relações com a China.

O neto de fala mansa de um primeiro-ministro, que se tornaria o sétimo primeiro-ministro do Japão em seis anos, também quer afrouxar os limites de uma Constituição pacifista de 1947 em relação aos militares, para que o Japão possa ter um papel maior na segurança global.

A agência de notícias oficial da China, Xinhua, observando a deterioração das relações com o Japão, advertiu o país para que ele não cause mais tensão na sua relação. “Um Japão economicamente fraco e politicamente zangado não vai prejudicar apenas o país, mas vai prejudicar também a região e o mundo em geral”, disse a Xinhua. “O Japão, que causou um grande dano e devastação a outros países asiáticos na Segunda Guerra Mundial, vai levantar mais suspeitas entre seus vizinhos, caso a atual tendência política de pender para a direita não for interrompida a tempo.”

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