As obras de construção do primeiro Parque de Ciência e Tecnologia em Moçambique, a ser estabelecido no distrito da Manhiça, província de Maputo, deverão iniciar em Março próximo, conforme o previsto no projecto.
A garantia foi dada esta sexta-feira pelo Ministro moçambicano da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue, falando a jornalistas em Addis Abeba, no âmbito da 14ª Cimeira Ordinária da União Africana (UA), a ter lugar de 31 de Janeiro a 02 de Fevereiro. O evento, que contará com a participação do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, que é esperado este Sábado aqui na capital etíope, vai decorrer sob lema: “Tecnologias de Informação e Comunicação: Desafios e Perspectivas para o Desenvolvimento”.
Segundo Massingue, o projecto de criação do Parque da Ciência e Tecnologia está a decorrer tal como havia sido programado. “O empreiteiro indiano já chegou, os preparativos para o estabelecimento de energia eléctrica no parque já foram concluídos e as Telecomunicações de Moçambique (TDM) estão a acelerar a ligação da fibra óptica ao parque”, disse Massingue, explicando que, segundo as previsões, deverão iniciar em Fevereiro próximo os trabalhos de limpeza do terreno e a criação de condições para o fornecimento de água ao local.
Massinga manifestou a sua satisfação pelo facto da UA ter escolhido, este ano, as Tecnologias de Informação e Comunicação como lema da sua cimeira ordinária, vincando que este facto vai impulsionar o desenvolvimento do continente e dos países membros. Neste contexto, Massingue disse que Moçambique tem dado a sua contribuição no mundo das nações, facto testemunhado pelos vários prémios internacionais conquistados pelo país.
Massingue citou como exemplo o prémio do melhor portal do governo conquistado por Moçambique em 2009, para além de outras distinções, incluindo o prémio de “inclusão electrónica”. Devido a esse contributo que Moçambique tem dado no desenvolvimento das TICs, alguns países africanos tem vindo a se interessar na experiência moçambicana. Com efeito, Massingue revelou que pelo menos dois países, nomadamente Cabo Verde e Swazilândia, já manifestaram interesse junto do governo moçambicano no sentido de colher experiências em relação aos parques de ciência e tecnologia.
Aliás, durante a cimeira está prevista que Moçambique venha a apresentar o Portal do Governo aos delegados, facto que espelha a seriedade das autoridades moçambicanas nesta componente. Solicitado a comentar sobre o contributo das TICs no desenvolvimento das zonas rurais, Massingue disse ser possível fazer com que estes meios estejam ao serviço dos camponeses. Segundo ele, em Moçambique esta experiência está a dar resultados, através dos Centros Multimédia.
“Hoje, os Centros Multimédia estão a assumir um papel importante no seio das populações rurais, onde estes se encontram estabelecidos, pois há cada vez mais o fluxo de informação nestas áreas, que directa ou indirectamente promovem o desenvolvimento”, disse o Ministro, para quem o país está a caminhar bem nesta área. Actualmente, existem no país 25 Centros Multimédia, esperando-se que, até ao final do presente quinquénio estejam a funcionar um total de 75.
Entretanto, prosseguem os trabalhos preparativos da magna reunião aqui em Addis Abeba, dia em que o Conselho de Ministros termina a sua sessão iniciada Quinta-feira. Ao longo dos dois dias, os Ministros dos Negócios Estrangeiros da UA analisaram os documentos a serem submetidos aos Chefes de Estado e Governo, entre relatórios e declarações. Refira-se que para além do tema sobre das TICs, a agenda desta cimeira inclui a nomeação de 15 membros do Conselho de Paz e Segurança para substituir igual número cujo mandato expira em Março próximo e a adopção do orçamento para o ano financeiro 2010.
Entre outros assuntos que deverão merecer uma atenção especial dos governantes africanos, destacam-se os conflitos políticos que continuam a flagelar alguns países do continente, tais como o Madagáscar e a Guiné-Conakry. No caso de Madagáscar, o Presidente da Comissão da UA, Jean Ping, efectuou uma visita aquele país na semana passada, onde manteve encontros com os principais intervenientes no processo político.
Isto acontece num momento em que o actual líder malgaxe, Andry Rajoelina, abandonou o acordo de partilha de poder, rubricado em Agosto do ano passado, em Maputo, depois de um processo negocial. Outro tema de destaque é a eleição do Presidente da UA, que, de princípio, sairá da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que indicou o presidente do Malawi, Bingo wa Mutharika, como seu candidate ao cargo. Porém, nos bastidores circulam informações indicando a existência de “lobbies” para a manutenção do líder líbio, Muhamar Kadhafi, na presidência da UA, alegadamente para dar um maior ímpeto ao projecto de formar um governo africano, de que é principal defensor.
