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Parlamento venezuelano restringe imprensa depois da violência entre deputados

No Parlamento venezuelano, os jornalistas têm de fazer sinais a partir de um balcão para chamar a atenção dos deputados que transitam no rés do chão se quiserem obter informações e opiniões depois de terem sido impostas restrições à imprensa por causa de um conflito que deixou dezenas de opositores feridos.

Os deputados têm de subir as escadas até a sala de imprensa, de onde os repórteres cobrem as sessões pela televisão por meio de apenas um sinal estatal, que no dia de um recente conflito entre os deputados mostrava apenas o tecto abobadado do recinto.

“Agradecemos a que os usuários permaneçam na área de imprensa, que é a autorizada e destinada aos jornalistas dos meios de comunicação que possuam credenciais”, diz um cartaz na entrada da sala. O confinamento não é o único obstáculo.

Vários repórteres de órgãos da mídia opositores do governo são discriminados e, com frequência, impedidos de entrar no recinto parlamentar, como ocorre actualmente com uma jornalista do conhecido diário El Nacional.

O chefe de imprensa da Assembleia Nacional, Ricardo Durán, que por anos direccionou a sua artilharia contra os meios privados de comunicação, no controverso programa televisivo La Hojilla, foi criticado por essas decisões num ambiente político inflamado, depois das eleições presidenciais de Abril, cujo resultado a oposição contesta.

À medida que aumentam as restrições à cobertura e os ânimos exaltam-se dentro da Assembleia, os deputados dos dois lados fazem os seus cálculos para activar, este mês, a recolha de assinaturas que lhes permitirá revogar a cadeira que ocupam os seus opositores.

A oposição retirou-se do Parlamento em 2005, depois de acusações de fraude eleitoral, durante os anos em que a advogada Cilia Flores, mulher do actual presidente do país, Nicolás Maduro, controlava a Casa, e o regulamento interno foi modificado para retirar os jornalistas das sessões, numa primeira restrição à cobertura.

As travas não foram notícia até que os venezuelanos tivessem que recorrer à Internet para ver uma tumultuada e agressiva sessão parlamentar em Abril, que levou vários opositores para o hospital e foi gravada por telefones celulares. Com o incidente ainda fresco na memória, a oposição, minoria no Parlamento, reintroduziu o assunto da imprensa, semana passada, mas a sua moção foi limitada.

O deputado e jornalista Earle Herrera argumentou que as barreiras à cobertura existem em todas as partes do mundo, “inclusive em Washington”. “Muitos jornalistas quiseram actuar como partidos políticos nesta Assembleia Nacional”, disse ele, referindo-se à aberta militância de alguns repórteres em favor de grupos políticos, facto exacerbado pela disputa eleitoral.

Na ocasião de um breve golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 2002, apoiado por alguns canais de TV e jornais, o conflito com os meios privados intensificou-se e, ao mesmo tempo, o governo criou uma poderosa rede de comunicação, que incluiu a apropriação de emissoras de rádio e o fecho do canal RCTV.

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