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Escrutínio Escolar d´@Verdade: Parabéns titia Mbita pelo infeliz sucesso

Quantas mamanas tentam moldar as filhas à maneira que elas querem e conseguem resultados contrários? Hyein! Quantas mamanas, titia Mbita? És uma das poucas, por isso não há razão para te sentares na esteira assim tão encolhida e banhada de lágrimas todos os dias como se o luto fizesse reuniões diárias no teu rosto. Devias jubilar e festejar, titia Mbita, porque a tua filha é aquilo que, com muito sucesso, fizeste dela.

Foi-te sempre imenso o encanto pela bela obra do teu ventre, titia Mbita, a Minossi, tua primeira sorte. O encanto por ela foi incontrolável de tal forma que dar-lhe à luz ficou o único papel de boa mãe que desempenhaste, deixando a educação e a preparação para vida à sorte do vento.

– Minha linda filha – dizias a ela – não laves as panelas senão raspas o verniz nas unhas. Deixe a tarefa para Manuna. Não faças limpeza que a poeira pode roubar-te o brilho dos olhos. Descansa que tanta azáfama te pode acelerar a velhice.

– Sim, mamã – respondia ela, satisfeita, dando total correspondência aos teus moldes de igorância e preguiça.

– És linda minha filha, não deves sofrer, não nasceste para isso. Deixa as meninas mal nascidas queimarem de calor a caminho da escola que é para um dia voltarem a queimar de calor a caminho do trabalho. Com isso elas pagam as contas da falta de beleza que tens. – É um pouco do que ensinavas a ela, titia Mbita.

– Sim mamã – obedecia ela, curvada como ficam os chineses diante dos mestres. Quanta bênção tinhas, titia Mbita, de ser ouvida atenciosamente por uma filha, logo na era de hipocrisia moral!

– Filha, com tanta beleza, tens a chave para casar com qualquer homem que quiseres, decidirás quem te deve amar.

Minossi cresceu. Cresceu cheia de beleza, a máscara que cai com o tempo. Cresceu vazia de saberes reais da vida, cheia de disposição para fazer uso da beleza que lhe mostraste ser a fonte de tudo o que a vida, tão exigente que é, lhe pedisse.

A linda menina confirmou a verdade dos teus ensinamentos com o sucesso que teve em arrasar, com a extraordinária beleza, homens de vários estatutos, classes e idades. Ainda na adolescência, deve ter sido a melhor vassoura. Foi, com certeza, a menina de bolsa mais gorda.

Hoje, Minossi é uma autêntica mulher nayar. Na cultura nayar, a poligamia é feita num sentido em que as mulheres têm vários maridos.

– Uma mulher nayar vive com os parentes da sua subcasta e sublinhagem na sua aldeia. Aí ela recebe visitas de vários maridos, que podem ser da sua própria vizinhança ou de aldeias mais afastadas. Normalmente, esses maridos passam uma noite na sua casa, saindo no outro dia de manhã. Cada marido que passa deixa uma contribuição em dinheiro e quanto mais regular for a sua presença maior é a obrigação que ele tem para com a mulher . Citação de Luís Batalha. Os Nayar vivem no estado indiano de Karela.

Agora, titia Mbita, peço que faças chegar o meu poema à tua fi lha. Não te esqueças de lhe instruir que as barras são separações entre versos: Fulgorantes olhos de estrelas / Envernizadas unhas de diamantes / Corpo viola / Ah, Linda menina / Cama de todos. /// Mulher que vagueia para todas as direcções do vento / Saiba que a vida é uma estreita travessia / Quem cambaleia escorega e sai.

Imenso perdão aos Nayar pela referência, não é pelo etnocentrismo cultural, pois toda a cultura é um valor essencial por si. Obrigado

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