O pré-candidato republicano a presidente dos EUA, Rick Santorum, disse, Quarta-feira, no Porto Rico, que a população local precisa de adoptar o inglês como primeira língua se quiser virar um Estado dos EUA, algo que contraria a Constituição norte-americana.
Santorum viajou ao território caribenho, oficialmente um “Estado associado” dos EUA, para fazer campanha com vista às eleições primárias de Domingo, nas quais ele, Mitt Romney e Newt Gingrich disputam 20 delegados para a convenção nacional que vai escolher o candidato republicano à presidência.
Porto Rico tem o inglês e o espanhol como línguas oficiais, embora a segunda seja muito mais usada.
Em Novembro, a ilha realizará um referendo para decidir se pleiteia a ascensão ao Estado ou mantém-se o status actual.
Em entrevista ao jornal El Vocero, o conservador Santorum disse apoiar o direito à autodeterminação política dos porto-riquenhos.
“Precisamos de trabalhar juntos e determinar que tipo de relação queremos desenvolver”, afirmou.
Mas Santorum disse que não apoiaria um Estado onde o inglês não fosse a língua predominante.
“Como qualquer outro Estado, é preciso haver o cumprimento dessa e de qualquer outra lei federal. E isso é que o inglês precisa ser a língua principal. Há outros Estados com mais de uma língua, como o Havaí, mas para ser um Estado dos Estados Unidos o inglês tem de ser a língua principal.”
Ao contrário do que diz Santorum, a Constituição dos EUA não estabelece o inglês como língua oficial do país, e não existe nenhuma lei que obriga a adopção desse idioma como pré-requisito para a ascensão ao status de Estado.
Por outro lado, vários Estados dos EUA já aprovaram leis locais declarando o inglês como idioma oficial, é o caso da Flórida, com grande população hispânica.
Para que o Porto Rico seja o 51º Estado dos EUA, seria preciso a aprovação do Congresso. Os 4 milhões de habitantes da ilha podem votar nas prévias partidárias dos EUA, mas não nas eleições presidenciais.
Já os porto-riquenhos radicados nos EUA têm direitos eleitorais plenos. As declarações de Santorum tendem a ser mal recebidas pelos republicanos de Porto Rico, que sempre defenderam que as questões de língua e cultura sejam atribuições dos governos estaduais, e não do âmbito federal.
A posição dele também pode afastar os 4,2 milhões de porto-riquenhos nos EUA, incluindo cerca de 1 milhão na Flórida, um Estado estratégico nas eleições gerais.
Principal rival de Santorum na disputa interna republicana, Romney diz que apoiaria a elevação de Porto Rico a Estado.
Ele viaja, Sexta-feira, à ilha, e já recebeu o apoio do governador local, Luis Fortuno, do Novo Partido Progressista, que encabeça o movimento para virar Estado.
Santorum reuniu-se na, Quarta-feira, com Fortuno, de quem disse ser amigo desde os tempos em que ambos moravam em Washington, década passada.
Ele afirmou que “neste momento” não apoia a ideia de permitir que os territórios como Porto Rico votem nas eleições presidenciais, mas que estaria disposto a analisar alternativas, como incluir os votos porto-riquenhos na contagem da votação popular, mas sem participação no Colégio Eleitoral.
Quinta e Sexta-feira, a filha de Gingrich, Kathy Gingrich Lubbers, que fala espanhol fluentemente, fará campanha pelo pai na ilha.