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Papa Wemba morre em pleno concerto (1950 – 2016)

O músico congolês Papa Wemba morreu este sábado à noite, depois de ter tido um colapso em palco num concerto em Abidjan, na Costa do Marfim. O músico tinha 66 anos.

Vídeos do concerto, que decorria no Femua – Festival des Musiques Urbaines d’Anoumabou, mostram o artista caído no chão à terceira canção, com as bailarinas a continuarem a sua performance, sem se aperceberem do sucedido. O óbito foi confirmado pelo manager ao canal de notícias France 24.

O seu verdadeiro nome era Jules Shungu Wembadio Pene Kikumba e o seu grande mérito foi o de ter fundido tradições musicais africanas com pop ocidentalizada e influências rock.

Figura reconhecida em África desde 1969, era um dos nomes mais populares do soukous, género musical derivado da rumba cubana, que surgiu no Congo nas décadas de 1930 e 1940.

Ao longo dos anos acabou por ser celebrado em todo o mundo como o “rei da rumba do Congo”, tendo actuado com celebridades como Stevie Wonder ou Peter Gabriel (fez as primeiras partes da Secret World Tour em 1993 e Gabriel produziu três discos seus na sua editora, a Realworld), e o seu álbum de 1995, Emotion, foi produzido por Stephen Hague (Pet Shop Boys, New Order).

Foi co-fundador dos Zaiko Langa Langa em 1970, um grupo no qual permaneceu quatro anos, e que misturava R&B americanizado com música dançante do Zaire (actual República Democrática do Congo), tendo lançado vários êxitos como Pauline, C’est vérité ou Liwa ya somo.

De alguma forma o grupo acabou por marcar a passagem da rumba, reapropriação de ritmos cubanos por músicos africanos, para o soukous, influenciado pelo funk e soul.

Depois de ter deixado esse grupo formou as suas primeiras bandas, Isife Lokole e Yoka Lokole, mas seria em 1976 que viria a liderar a formação com a qual obteve mais êxito, Viva La Musica, que construiu a sua reputação com êxitos como Moku nyon nyon, Nyekesse Migue’l ou Cou cou dindon, onde se distinguia a sua voz singular.

Mas não foi apenas a música que marcou o seu percurso. Foi ele também o grande inspirador do movimento de culto congolês dos Sapeurs, jovens do sexo masculino mestres na arte de bem vestir.

Papa Wemba e os seus grupos sempre se distinguiram pelo aprumo e pelo cuidado com a roupa e os admiradores do músico, inspirados pelo seu sentido estético, começaram a vestir da mesma forma, surgindo aí os Sapeurs (o nome deriva do acrónimo S.A.P.E., Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes).

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