O Governo moçambicano admite a probabilidade de o país voltar a ser “negativamente atingido” pela escassez de alimentos, que poderá afectar o mundo, devido às calamidades naturais que assolam alguns dos principais países produtores de alimentos.
Em Setembro do ano passado, a população moçambicana reagiu com uma revolta violenta contra a subida galopante dos preços dos principais produtos e serviços.
As manifestações, que provocaram vários mortos, feridos e danos materiais, obrigaram o Governo a congelar os aumentos dos preços, através de subsídios directos e isenções fiscais.
Com a devastação provocada pelas calamidades naturais na Austrália, Brasil e Índia, grandes produtores de alimentos, o ministro da Planificação e Desenvolvimento moçambicano, Aiuba Cuereneia, previu esta quartafeira uma nova subida de preços também no país.
Esta semana foi anunciado um aumento de preços da farinha de trigo, mas o regime tranquiliza o público afirmando que não haverá revisão em alta dos preços de venda do pão ao público, apesar de, no terreno, em alguns casos o cenário ser bem diferente.
“Uma vez mais o mundo poderá assistir à escassez de alimentos e à consequente subida de preços. Moçambique poderá ser negativamente atingido por esta situação, tendo em conta que ainda é importador de produtos alimentares”, afirmou Aiuba Cuereneia, durante um seminário sobre “Os Desafios do Crescimento Económico e Criação de Emprego em Moçambique”.
Contudo, considerou o ministro da Planificação e Desenvolvimento moçambicano, uma eventual crise alimentar no mundo pode ser um estímulo ao aumento dos investimentos na agricultura moçambicana, favorecido pela abundância de terra arável e recursos hídricos.
Para Aiuba Cuereneia, os investimentos na agricultura, em paralelo com os sectores mineiros, agrícola e industrial, são essenciais para Moçambique manter o ritmo de crescimento económico que se vem registando nos últimos anos.