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Toma que te dou: Os meus ídolos continuam os mesmos

Acabo de ver o filme “A longa caminhada para a Liberdade”, protagonizado por Idris Elba e Naomi Harris. A maior impressão que me criou esta obra cinematográfica é a de que Nelson Mandela estava preparado para morrer, por uma causa divina.

Mais do que a perfomance impressa por Idris, o filme lembra-me a verticalidade inabalável de um homem de causas, cuja primeira palavra que pronunciou, ao entrar na cela, foi “Amandla”, numa voz abafada pelas paredes de uma minúscula moradia onde iria viver mais de duas décadas. Sem vacilar, mesmo perante as aliciantes tentações de voltar a ver a luz da inultrapassável beleza que reverbera em toda a Joanesburgo e em toda a terra do arco-íris. Mas sobretudo de voltar a sentir a liberdade de caminhar debaixo do sol e no meio das multidões que o aplaudiam, ou que iam ao seu escritório de advogacia para o ver na companhia de Oliver Thambo.

Nelson Mandela queria voltar, sim, para a liberdade, mas a liberdade para ele tinha que ser a liberdade do povo sul- -africano. A dor da cela penetrava-lhe a carne e o íntimo e dizia aos dirigentes boers, numa carta escrita pelo seu próprio punho, enquanto os racistas negociavam a situação sul-africana no estrangeiro: “Porque é que vocês andam a negociar a nossa liberdade lá fora, se nós estamos aqui? E não digo isso por estar a sentir a dor da prisão”.

“Long walk to freedom” lembra-me ainda – comovido – que a bandeira da liberdade içada por Nelson Mandele no princípio da sua luta continuou no topo do mastro até ao último suspiro. A sua humildade, que se confundia com as pegadas de um santo, é que comandava tudo. E na vanguarda dos seus pensamentos estava a inteligência e a sabedoria e a determinação. Madiba reconhecia que existiam outros no ANC, melhores do que ele, dentre os quais Oliver Thambo e Govani Mbeki.

Deus de Jacob e de David e de Abrahama, antes de enviar Jesus à terra para morrer por nós, por ver que a terra caminhava à sombra do pecado e da morte, contrariando os seus preceitos, virou-se para os anciãos que o rodeavam e perguntou: “Quem está, dentre vós, disposto a descer para libertar, com sangue, os meus filhos?”. Ninguém se prontificou a aceitar esse sacrificício, com excepção de Jesus Cristo que respondeu dizendo: “Eu vou, Pai”.

Jesus deixou todo o leite e o mel que tinha junto do seu Pai. Abdicou do maná e desceu, preparado para ser achincalhado e pregado na cruz do calvário, pelos próprios judeus. “Se tu, na verdade, és filho de Deus, porque não te soltas daí?” E já havia sido dito, em parábolas que ninguém percebeu: “Destruirei este tempo num dia, e voltarei a construi- -lo em três dias”. Eram palavras mais do que premonitórias, e no terceiro dia Jesus Cristo ressuscitou. Dos mortos. E os meus ídolos continuam os mesmos.

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