Nas últimas duas semanas, o fornecimento de energia eléctrica aos bairros das cidades de Maputo e da Matola foi caracterizado por oscilações e cortes sistemáticos. Os munícipes ficaram horas às escuras e, na maior parte das vezes, a empresa Electricidade de Moçambique (EDM) não explicou as razões que causaram a interrupção sucessiva da corrente. Estes e outros problemas fizeram com que a companhia continuasse no pódio das firmas que prestam maus serviços aos seus clientes no país.
O monopólio faz com que a EDM deixe os consumidores sem alternativa senão sujeitarem-se aos danos causados por esta firma. É que mesmo nos momentos em que não existem quaisquer motivos para se interromper o fornecimento de energia, são recorrentes as dificuldades para se assegurar um serviço minimamente aceitável.
Sem falar do que acontece na cidade de Nampula e arredores, em quase todos os bairros das urbes de Maputo e da Matola, os cortes de energia eléctrica são diários, sobretudo nas noites e madrugadas. Os transtornos decorrentes desses problemas são incalculáveis, especialmente no que diz respeito à danificação de electrodomésticos.
No domingo passado, 20 de Outubro, o problema agudizou-se: a capital do país, as províncias de Maputo, Gaza e Inhambane ficaram sem energia eléctrica devido a uma avaria registada na linha de Ressano Garcia-Infulene. A segunda linha que abastece a região sul foi desligada por volta das 23horas de sábado, 19, para trabalhos de manutenção programada, cuja conclusão estava prevista para o final da manhã do dia seguinte.
Entretanto, algo correu mal e os trabalhos foram interrompidos na linha em alusão porque o público estava a ser privado do consumo de energia. Somente por volta das 11horas do mesmo domingo é que se restabeleceu o fornecimento normal enquanto se investigava as causas do dano. Porém, pelo menos na cidade de Maputo, sobretudo nos bairros periféricos, a falta de energia era generalizada nas manhãs e madrugadas.
A situação foi crítica no bairro da Polana Caniço “B”, onde dezenas de moradores perderam os seus bens. No bairro em alusão, os residentes contaram ao @Verdade que todos os dias são assolados por cortes frequentes, em qualquer período do dia, o que está a criar transtornos de vária ordem. Algumas pessoas queixaram de prejuízos registados nas suas actividades que dependem de energia. Os produtos frescos adquiridos com tanto sacrifício deterioram-se devido a cortes constantes e ninguém vai ressarcir as famílias.
Stefane Vasco, de 78 anos de idade, residente do quarteirão 38, perto da subestação da EDM, disse que os cortes de corrente eléctrica agravaram-se na quarta-feira passada, 23 de Outubro, altura em que no Posto de Transformação (PT) aconteceu uma explosão, de repente, devido a um curto-circuito.
Por conseguinte, dois postes e os respectivos fios arderam, porém, felizmente, as residências próximas do local do acidente não foram atingidas. Toda a zona ficou às escuras durante quatro dias, pois a equipa da EDM destacada para o terreno não conseguia resolver o problema. Antigamente, segundo Stefane Vasco, as oscilações e cortes da corrente eléctrica aconteciam a partir das 17h:00, mas actualmente de hora em hora fica-se sem energia.
Na altura em que escrevíamos este texto, por volta das 21 horas, nos bairros Inhagoia, 25 de Junho, Bagamoyo, George Dimitrov, por exemplo, não havia energia e não houve nenhum pré- -aviso em relação à interrupção dos serviços. Para explicar problemas como estes, no passado, a empresa dizia que as oscilações e os cortes eram frequentes porque as linha de transporte eram obsoletas, os cidadãos efectuavam ligações clandestinas e cometiam outras irregularidades que influíam sobremaneira na qualidade de energia.
Uma vez esgotadas as manobras dilatórias da EDM para justificar a má qualidade dos seus serviços, é sabido que os bairros das cidades de Maputo e Matola têm sido constantemente assolados por cortes de energia, um problema que tende a piorar em cada dia que passa.
