A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou os insurgentes do Estado Islâmico, esta quarta-feira (27), de cometer crimes de guerra, incluindo amputações e execuções públicas, às vezes na presença de crianças, e disse acreditar que a Síria usou gás cloro contra seus inimigos.
Os militantes sunitas, que estão à procura de armas no Iraque, alteraram o equilíbrio de poder na Síria, consolidando o seu controle sobre grandes áreas e estabelecendo a ordem pela imposição severa da sharia, a lei islâmica, afirmou a ONU no seu relatório mais recente.
“As execuções nos espaços públicos tornaram-se um acontecimento comum às sextas-feiras em Al Raqqa e nas áreas controladas pelo Estado Islâmico na província de Aleppo (Síria)”, diz o relatório.
“Crianças têm assistido às execuções, ocorridas na forma de decapitações ou tiros à queima roupa na cabeça… os corpos são expostos publicamente, muitas vezes crucificados, durante cerca de três dias, como alerta aos moradores.”
Os investigadores independentes expressaram profunda preocupação com os meninos que estão a ser forçados a juntarem-se às fileiras dos militantes nos campos de treinamento na Síria que podem estar na mira de ataques aéreos dos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu que “a justiça será feita” contra os membros do Estado Islâmico que mataram o jornalista norte-americano James Foley na semana passada, e o seu país tenta identificar alvos em potencial para os ataques aéreos na Síria.
“Estamos cientes… da presença de crianças nos campos de treinamento. Acho que esta decisão dos EUA deve respeitar as leis de guerra, estamos preocupados com a presença destas crianças”, disse o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão de inquérito da ONU, em declaração à imprensa em Genebra.
“O Isis (sigla pela qual é conhecido o Estado Islâmico) representa um perigo real e imediato aos civis, especialmente a minorias sob seu controle na Síria e na região”, acrescentou.
As forças do governo sírio lançaram bombas de barril (recipientes repletos de explosivos e estilhaços) nas áreas civis em oito ocasiões em Abril – um crime de guerra pelas leis internacionais –, incluindo algumas que se acredita que continham o venenoso gás cloro, afirmaram os investigadores no relatório recém-divulgado.
O documento, o oitavo da comissão de inquérito desde que esta foi montada exactamente três anos atrás, foi baseado em 480 entrevistas e provas documentais colectadas pela equipe, que tenta montar um caso para um futuro processo criminal.
Os investigadores reiteraram o seu apelo para que o Conselho de Segurança da ONU encaminhe as violações na Síria ao promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI).
