O Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, disse que os moçambicanos devem se perguntar onde o país estaria hoje caso não houvesse corrupção. “Temos que nos perguntar que seríamos se nós não tivéssemos corrupção, se não fossem os desvios de fundo”, disse Paulino, falando terça-feira a um grupo de lideres e pessoas influentes do distrito de Ka Nhlamankulu, arredores da cidade de Maputo, onde tem vindo a trabalhar desde segunda-feira passada. “Se calhar estaríamos muito longe. Estaríamos a pagar subsídios de desemprego aos que não podem trabalhar. Estamos a gastar milhões e milhões de Meticais anuais por causa de corrupção e desvio de fundos”, disse.
Paulino apontou como exemplo o que acontecia na Cadeia Central de Maputo, antes de ser dirigida por Jorge Microsse, assassinado há cinco anos. Segundo o PGR, nessa altura, os reclusos só tinham uma refeição constituída por xima e molho com cheiro de carapau.
“Quando chegou o director Microsse, os reclusos passaram a ter três refeições e aos finais de semana comiam carne e até tinham sobremesa”, disse Paulino, acrescentando que “o orçamento não havia subido, era o mesmo dos anos anteriores, só que havia cortado todos os canais de desvio de dinheiro pelos ‘cabritos’”. Por outro lado, o Procurador admitiu a existência de pessoas nos mercados que possuem os seus próprios carimbos, através dos quais emitem recibos falsos para cobrança de taxas que nem sequer chegam aos cofres do Estado.
“Esses poucos dinheiros quando se juntam constituem um grande bolo que contribuiria para o desenvolvimento do país”, referiu. A prevenção e combate a corrupção tem sido a tónica dos discursos do Procurador-geral da Republica durante essa sua visita de cinco dias a cidade de Maputo, capital moçambicana. Ele tem perguntado as comunidades e as autoridades policias sobre as medidas por eles tomadas para prevenir e combater este mal. Outros aspectos que preocupam o Procurador são a criminalidade, acidentes de viação, ente outros problemas.