Os oleiros de Cateme, na província central de Tete, impediram novamente, no último Domingo (12), a circulação de comboios de carvão da companhia mineira Vale Moçambique entre o distrito de Moatize e o Porto da Beira, na província de Sofala, ao barricar a linha férrea de Sena.
A manifestação dos oleiros surge na sequência de um impasse nas negociações entre as partes na última Sexta-feira (10). O grupo exige que a empresa Vale use uma nova fórmula de cálculo de indeminizações que consiste no seguinte: produção anual (102 mil tijolos) x dois meticais (o preço do tijolo) x 50 anos (período de vida que entendem que vão deixar de exercer a actividade de produção de tijolos), contra os 60 mil meticais atribuídos.
Entretanto, a Vale considera este valor impraticável. Na altura das barricadas no Domingo passado, a Polícia foi chamada para intervir e repor a ordem e, felizmente, não houve detenções tal como aconteceu a 16 de Abril último quando um grupo de mais de 500 pessoas, constituído na sua maioria por jovens oleiros reassentados em Cateme, 25 de Setembro e residentes do Bairro 4, na região de Nthibu, tomou de assalto a linha férrea de Sena.
Em comunicado de imprensa emitindo na noite de domingo a Vale entende que já indemnizou em 60 mil meticais cada forno em produção e cada tijoleiro individualmente retirou e vendeu toda a sua produção que tinha armazenado na zona de concessão. A Vale Moçambique emitiu um comunicado de Imprensa no qual mostra que não está em altura de ceder à pressão dos oleiros, pois, segundo afirmou no mesmo documento, a produção de tijolos em Moatize não ficou paralisada com a chegada do projecto da sua mina de carvão. Somente transferido da área de concessão mineira para outra, na própria vila de Moatize, onde continua a ser plenamente realizada, refere o Jornal “O País”.
A companhia mineira vai mais longe afirmando que tem dados que indicam que a produção local foi altamente beneficiada e impulsionada em função do grande desenvolvimento económico resultante dos investimentos da indústria de carvão na região.
Nestes termos, a Vale sustenta que não se justificam as novas propostas de compensações, como se a actividade tivesse sido interrompida permanentemente.
A mineradora considera que as indeminizações são um assunto encerrado, devendo, na mesa, colocar-se questões sobre a sustentabilidade que aquela companhia deve criar para que a tijolaria continue em Moatize. A companhia mineira conclui reiterando a sua vontade de prosseguir com o diálogo, no mesmo clima de abertura, franqueza e tranquilidade que caracterizou os debates das rondas iniciais.
Por seu turno, o governador de Tete, Ratxide Gogo, em conferência de imprensa, no Domingo, apelou uma vez mais ao diálogo, mas sublinhou que não é justo que as populações façam exigências incomportáveis, que já receberam indeminizações há quatro anos, pelo que não faz sentido agora dizer que o valor é irrisório.