Como diz a parábola do filho pródigo, o bom filho à casa torna. Pois é, depois de na passada sexta-feira colocarmos o anúncio do computador roubado da redacção no nosso jornal, o objecto em causa não tardou a ser recuperado. Um simples telefonema, ainda no próprio dia, bastou para que se fizesse luz sobre o ladrão: afinal o “pecador” morava cá dentro. Dois dias após o roubo, havia-se despedido, trocando @ VERDADE por um emprego, dizia ele, “mais seguro”. Logo na manhã de sábado, recebi mais três SMS que me garantiam saber onde se encontrava o anunciado Laptop. Agradeci dizendo que já tinha resolvido o assunto.
Após tentarmos concertar estratégias de captura chegámos à conclusão de que o melhor era entregar o caso às autoridades competentes, neste caso a PIC (Polícia de Investigação Criminal). Uma vez chegados ao comando central da PIC, demos queixa do nosso ex-funcionário. O agente de serviço, aliás o único naquela altura, recolheu todos os dados e assegurou-nos de que ainda hoje (sábado) teríamos o computador. E assim foi. Ainda não eram 17 horas e o seu já estava entregue a seu dono. Dos agentes da PIC, principalmente o que me atendeu e que esteve comigo mais tempo, só posso elogiar o seu trabalho: digno, sério, eficiente, competente. Com as condições proporcionadas é difícil fazer melhor. Sem viaturas – as duas operações de captura foram efectuadas no meu carro -, sem dinheiro para comunicações telefónicas, sem computadores, com turnos de 24 horas de serviço sem refeições, com umas instalações decrépitas e indignas para detidos e queixosos – as casas de banho assemelham-se a uma pocilga – é mesmo impossível fazer melhor. Esta total ausência de meios em nada dignifica uma classe profissional demasiado importante para ser negligenciada. Como classe que zela pela nossa segurança quotidiana devia ser bem mais acarinhada – não se confunda com apadrinhada – mais protegida no sentido social da palavra. Há ali carências demasiado gritantes, injustificáveis e até insensatas do ponto de vista político-social, prevaricadoras de uma futura grave instabilidade. Porque quando uns têm tudo e outros nada têm o ambiente social, inevitavelmente, degrada-se. Por isso é bem mais fácil ceder à tentação da corrupção do que ser impoluto. Por isso os agentes são muitas vezes comprados pelos ladrões nas acções de captura. Por isso acontecem fugas misteriosas. Por isso ouvimos amiúde da boca dos próprios agentes: “até tenho vergonha de muitas coisas que aqui se passam.” No sábado, senti segurança e confiança na voz, nos gestos e nas palavras do agente que me atendeu. Tive sorte apanhei um D. Quixote da PIC. Kanimambo Quibe.
Nota: a partir do dia 9 de Janeiro, correspondendo à edição nº 20, a tiragem d’ @ VERDADE – 50 mil exemplares – passou a ser certificada semanalmente pela empresa de auditoria e consultoria independente KPMG. O processo de certificação, inédito no nosso país, reforça sobremaneira a credibilidade d’@ VERDADE, abrindo a porta à criação de uma futura associação de controlo e tiragem da imprensa escrita nacional. Medidas como esta constituem um reforço da seriedade e da credibilidade dos órgãos informativos.