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Obama aceita o Nobel da Paz com humildade, mas defende a guerra justa

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama aceitou formalmente na quinta-feira o Prêmio Nobel da Paz “com uma profunda gratidão e um grande humildade”, segundo o discurso lido durante a cerimônia de entrega realizada em Oslo.

“Eu recebo esta honra com uma profunda gratidão e uma grande humildade”, declarou o chefe de Estado americano ao receber a distinção das mãos do presidente do comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland. “Este é um prêmio que apela às nossas elevadas inspirações: apesar da crueldade e da dureza de nosso mundo, nós não somos prisioneiros de nosso destino”, acrescentou. “Nossos actos fazem a diferença e nós podemos alterar o curso da história para dar vantagem à justiça”.

Em meio aos questionamentos por sua escolha precoce e por sua recente decisão de reforçar a presença militar americana no Afeganistão, Obama admitiu que as críticas são justificadas e disse não merecer estar ao lado de personalidades como Martin Luther King e Nelson Mandela na galeria dos laureados com o Nobel. Não deixou de destacar a ironia de ter recebido o Nobel nove dias depois de ter decidido enviar 30.000 soldados americanos extras ao Afeganistão.

“As ferramentas da guerra têm um papel na preservação da paz”. “Esta verdade deve coexistir com outra: a guerra às vezes é necessária para combater o mal no planeta e garantir a segurança dos Estados Unidos, embora seus custos possam ser elevados”.

Garantiu ainda que os Estados Unidos não podem sacrificar seus ideais, mas criticou as regras da guerra no combate a seus inimigos, numa censura implícita ao governo de seu antecessor, George W. Bush. “Os Estados Unidos ajudaram a garantir a segurança mundial por mais de seis décadas com o sangue de nossos cidadãos e a força de nossas armas”, destacou ainda.

“O serviço e o sacrifício de nossos homens e mulheres de uniforme promoveram a paz e a prosperidade da Alemanha até a Coreia, e permitiram que a democracia se instaurasse em lugares como os Bálcãs”. “Sou responsável pelo envio de milhares de jovens americanos para combater en uma terra distante. Alguns matarão. Alguns morrerão”, enfatizou.

“Por isso vim hoje aqui com um senso aguçado do elevado custo que tem um conflito armado, pensando nas difíceis questões sobre a relação entre a guerra e a paz, e nossos esforços para substituir uma pela outra”. Depois de advertir que a guerra nunca é gloriosa e jamais deve ser encarada como tal, Obama alegou que pode ser, às vezes, não penas necessária, como moralmente justificável.

Antes da cerimônia, Obama voltou a afirmar que outros candidatos talvez fossem mais merecedores do Prêmio Nobel da Paz. “Não duvido que existam outros que talvez fossem mais merecedores”, declarou Obama durante uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, pouco antes de receber o prêmio na prefeitura de Oslo. Mas Stoltenberg afirmou que o Nobel da Paz foi merecido.

“Não posso pensar em ninguém que tenha feito tanto pela paz durante o ano passado”, disse. O presidente do Comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, também defendeu a decisão de premiar Obama. “Muitos são os que acham que o Prêmio chega muito cedo, mas a história está cheia de ocasiões perdidas.

É agora, hoje, quando temos a ocasião de apoiar as ideias do presidente Obama. Este prêmio é um chamado à ação para todos nós”, afirmou Jagland no discurso pronunciado na cerimônia de entrega do Nobel. Várias organizações pacifistas norueguesas e antinucleares realizaram manifestações na quinta-feira diante do escritório do comitê Nobel. Um dos cartazes dizia “Obama, você ganhou o prêmio, agora deve fazer por merecê-lo”.

O comitê Nobel surpreendeu o mundo, e o próprio vencedor, ao anunciar no dia 9 de Outubro o prêmio a Obama, apenas nove meses depois da posse do democrata, e afirmou que devia aos “esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”.

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