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O que falhou no melhor sistema de alerta de tsunamis?

As sirenes soaram três minutos depois do sismo, mas as obras nas zonas costeiras subestimaram a força da natureza.  Afinal o que falhou no sistema de prevenção e alerta de tsunamis do Japão?

É verdade que é o sistema mais avançado do mundo, mas também é verdade que o tsunami matou, provavelmente, mais de 20 mil pessoas. E o Banco Mundial revela esta semana que foi o desastre natural mais caro de sempre, com prejuízos de 212 mil milhões de euros, uma quantia bastante superior ao PIB português.

Analisando a cronologia da catástrofe, pode-se dizer que o alerta de tsunami funcionou bem. Assim, 20 segundos depois de o terramoto ocorrer a cerca de 130 km ao largo de Sendai, a primeira estação sísmica japonesa registou-o, embora com alguma margem de erro – mediu 7.9 na escala de Richter, quando o sismo atingiu 9.0 de magnitude. Três minutos depois, as sirenes de aviso de tsunami soavam em toda a região costeira do nordeste do Japão.

Só que a gigantesca massa de água com 10 metros de altura estava perto de mais, e por isso mesmo os habitantes de Sendai só tiveram 12 minutos para fugir. Mesmo bem-educados e organizados por uma cultura habituada a enfrentar este tipo de catástrofes, muitos nada puderam fazer. Na realidade, só poderiam ter sido salvos de helicóptero. Além de mais, a distância de penetração do tsunami foi muito grande: houve zonas onde entrou 10 km pela terra dentro.

Maria Ana Batista, a maior especialista portuguesa em tsunamis, não tem dúvidas: “Não era possível detectar a grande magnitude do sismo em menos tempo, porque o Japão tem o melhor sistema de detecção do mundo, com a última tecnologia disponível”.

Mas se o alerta funcionou bem as medidas preventivas não, e a investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa explica porquê: “O que falhou mesmo foram as muralhas de defesa contra tsunamis construídas nas zonas costeiras, que acabaram por ser derrubadas e não tinham sido dimensionadas para enfrentar ondas de dez metros”.

De facto, números do Ministério da Terra, Infra-estruturas, Transportes e Turismo japonês revelam que as muralhas mais baixas se estendem por mais de 40% da linha de costa.

Entretanto, 33 países (incluindo Moçambique) participaram na passada semana no primeiro exercício de simulação em larga escala de um sistema de alerta de tsunamis nas Caraíbas. O sistema foi estabelecido em 2005 com o apoio da UNESCO. O exercício, baptizado de “Caribe Wave II”, consistiu num alerta de um terramoto fictício de magnitude 7.6 na escala de Richter, com epicentro ao largo das Ilhas Virgens americanas, e pretendeu determinar até que ponto os países desta região estão preparados para enfrentar um grande tsunami.

Até à catástrofe de Sumatra (Indonésia), em 2004, a região do Pacífico era a única que tinha um sistema de alerta global. Desde então a UNESCO promoveu a criação de sistemas no Índico, no noroeste do Atlântico (Caraíbas) e na região do nordeste do Atlântico e Mediterrâneo.

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